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quinta-feira, outubro 25, 2012

Corpo Melado

Cheiro beijo úmido cheiro beijo úmido toque úmido cheiro beijo toque laço úmido cheiro beijo úmido toque laço abraço úmido beijo cheiro beijo toque abraço laço
Pernas abertas virilhas ciumentas
Úmido cheiro toque abraço beijo
Entre pernas abertas toque
Cheiro laço úmido virilha aberta costas lisas beijo
Ciumento abraço toque pernas abertas virilhas abertas abraços abertos apertos laços abertos mais perto penetro
Corpo fechado
Cheiro de mel.

quarta-feira, outubro 24, 2012

Corpo Bem Zen Mal

Meu bem
Não me peça espetáculo quando estou todo ensaio
Não me peça preparo quando estou todo acontecimento
Não me peça ordem quando estou todo confusão
Não me peça caminho quando estou bifurcação.

Meu zen
Me peça barulho se estou na nua carne do ser
Me peça enxoval se perceber um algo mais
Me peça uma reza para sua missa dominical
Me peça pecado quando estiver baixo astral

Meu mal
Me perca no umbigo e me ache
Me ache nas veias e se mostre
Se mostre centelha e me encharque
Me encharque de sangue, xeque-mate

quarta-feira, outubro 10, 2012

Corpo Vingança

Um bandido, que é uma pessoa, mata um PM, que também é uma pessoa. Então a PM, que é uma instituição, mata 5 suspeitos, que são pessoas. Pode ser então que 5 bandidos, pessoas que são, matem 5 PMs, também pessoas. E então, talvez, a PM, que é uma instituição, mate 25 suspeitos, que são pessoas. Quiçá 25 bandidos matem 25 policiais, gente matando gente, e a PM, que é uma instituição resolve matar 225 suspeitos. E então 225 pessoas, que talvez nem fossem bandidos, resolvem matar 225 PMs. Então toda uma corporação, feita de pessoas submetidas a uma instituição-estado, se organiza para matar 1125 suspeitos, pessoas que ironicamente também são o Estado em sua constituição de direitos deveres. Ou seja, são pessoas matando pessoas, no patamar humanitário, e Estado matando Estado, no patamar político-social.

A questão é... no nível pessoal: uma pessoa, que poderia ser policial ou bandido, matou meu pai, uma pessoa também, para roubar o carro da empresa em que trabalhava - pessoa jurídica do corporativismo multinacional, criada para lucrar com a exploração do trabalhador e dos recursos naturais controlados pelo Estado. A instituição polícia não fez nada, arquivou o processo e o caso é uma incógnita. A instituição empresa multinacional perdeu o bem carro e o bem funcionário, que alugava mediante salário razoável, e ajudou a familía nesse momento difícil com o enterro. O vizinho que viu tudo também não fez nada, cidadão de direitos e deveres, preferiu calar por medo ou comodidade mesmo.

Eu, ser-humano que sou, que ouvi tudo acontecer e vi cruamente de perto o desfecho, com sede incontrolável de vingança, colocaria a polícia, o bandido, o vizinho e o patrão multinacionalista de mãos dadas. Me armaria de armamento pesado até os dentes. Engatilhava a sanfona e dispararia acordes maiores, menores e dissonantes no peito de todos. Puxaria um Si menor na sanfona e convidaria a todos para dançar uma ciranda, dança de roda para as crianças que, como pessoas, todos um dia foram... O militar, o civil, o Estado e a indústria.

A isso daria o nome de Roleta Brazuca ou O Dia em Que eu Fiquei Zica... Depois colocaria as fotos no facebook pra vcs curtirem de seu confortável sofá ou cadeira de escritório.

terça-feira, outubro 09, 2012

A gente esquece de olhar o céu.
A gente esquece de olhar
A gente esquece
A gente
Esquece
Da gente.
A gente esquece de olhar o céu.
A gente esquece de olhar
A gente esquece
A gente
Esquece
Da gente.

quinta-feira, outubro 04, 2012

quarta-feira, outubro 03, 2012

Corpo Esquema

O esquema é ser rico...
De poesia e de prosa
E só querer ter carrão
Tipo uma Kombi pra levar a galera

O esquema é ter costas largas...
De tanto tocar sanfona e voar no trapézio
Ser influente
Influenciar pro bem a molecada

O esquema é só ter esquema com magrela...
Dar carona na garupa da bicicleta
E correr tocando campainha dos outros
Pra dizer que no bairro vai ter teatro de graça

O esquema é tentar a sorte no jogo...
De fim de semana, no futebolzinho que a gente tanto ama
E não faltar com amor na cama
Na mesa e no olhar mesmo pra quem desanda, se arma e desama

O esquema é ferrar com tudo...
Ferrar com tudo que põe ferradura em sonho
E partir pra guerra
A guerra contra os valores que encabrestam todos

Ora, então ponho
Ponho mesmo
Ponho meu verbo no mundo.
Deponho meu esquema vadio,
Ofereço meu corpo.

Ponho
Ponho emoção no pensamento e penso que desisto de criar caso só pra ver se crio outro

Outro
Outro
Os outros
Outras possibilidades do impossível. Talvez a periferia não seja invisível

Então o esquema é ir pra cima...
Fazer amor
Por cima e por baixo
Ir pra praça e pra rima

Depois que começa...
Nunca termina

sábado, setembro 08, 2012

quinta-feira, agosto 30, 2012

Pseudo-sociedade

Porra de sociedade acomodada do caralho.
Acomodada com seus pseudo-empregos
Acomodada com seus pseudo-casamentos felizes
Acomodada com sua pseudo saúde
Acomodada pela sua pseudo-cidade.
Acomodada.

Porra de sociedade frígida do caralho
Frigida com seu pseudo-status
Frigida com seu pseudo-delírio
Frigida com sua pseudo-utopia
Frigida pela sua pseudo-fé.
Frígida.

Porra de sociedade carente do caralho
Carente de atenção de seu pseudo-patrão
Carente de alegria de seu pseudo-time-de-futebol
Carente de emoção de sua pseudo dramaturgia televisiva.
Carente.

Porra de sociedade careta do caralho
Careta com sua pseudo-consciência drogada
Careta pelo seu nerdismo de pseudo-avanço-tecnológico
Careta pelas suas pseudo-filosofias de autoajuda
Careta por suas reais mascaras sociais.
Careta.

Porra de sociedade vazia do caralho
Vazia pela sua pseudo-religião
Vazia pela sua pseudo-educação
Vazia pela real falta de poesia
Vazia pelos pseudo-corpos que andam por aí robotizados.
Vazia.

Porra de sociedade autoritária do caralho
Autoritária pelo pseudo-carinho familiar
Autoritária com sua pseudo-verdade das frases prontas
Autoritária pelo pseudo-senso-coletivo da democracia representativa
Autoritária pela pseudo-ignorância, disfarçada de pseudo-humildade
Autoritária pela falta de real noção altruísta.
Autoritária.

Porra de sociedade insensível do caralho
Insensível com suas pseudo-músicas de sucesso
Insensível com seus pseudo-orgasmos e suas pseudo-mentiras disfarçadas de pseudo-verdades
Insensível por sua pseudo-fidelidade
Insensível pela real ganância inescrupulosa provocadora de pseudos e insaciáveis buracos negros.
Insensível.

Porra de sociedade covarde do caralho
E seus preconceitos.
Porra de sociedade.

Porra de sociedade egoísta do caralho.
Egoísta por seu pseudo-voto
Egoísta com sua pseudo-propriedade
Egoísta com seu pseudo-conhecimento-pós-doutorado
Egoísta com sua constante retórica
Egoísta com seu pseudo-ouvido
De si para o outro, oferecer somente pseudos-sentidos.
Egoísta.

Sociedade de pseudo-gramática
Sociedade que me pariu,
Puta que pariu,
Paremos, descemos do mundo e que, portanto, pariremo-nos de volta.
Embora sociedade histérica, não somos ainda, no limite da corda bamba, uma sociedade estéril.

?

Porra de sociedade estéril do caralho
Porra de pseudo-sociedade...

sexta-feira, julho 27, 2012

O Corpo da Curva


O que é uma curva?
O caminho mais longo entre dois pontos; ou seria a mais curta poesia do destino?
A curva é bela. Sinuoso instante, lascivo declive curva de serra
Encerra a história ou reinicia a breve passagem dos seres na terra?
Porque nem a linha do trem é reta
Nem a seta, nem a meta, nem o papo, nem o som
Tem curva na onda
É curva a vibração
O que não pode é seguir direto nela, sem escorregar por seus envolvimentos tortos
A lança reta desvela a fúria dos rodeios
E a íris confunde-se com as cores dos arcos.
Um volteio manso pode ser desvio mortal.
Não há o que esperar da curva
De bala reta, resvala, se for a curva animal.

terça-feira, julho 03, 2012

Rapidinha com Marília Gabi Gabriela da minha imaginação

Quem te pariu?
Talvez as vozes...

Quem te criou?
Talvez as vozes...

Quem te matou?
Talvez as vozes...

As vozes de quem?
Talvez as de Deus...

As vozes de amém?
Talvez as do Estado...

As vozes da lei?
Talvez as da sociedade...

Quem dormiu com você?
Talvez as ditas preocupações para com a moral, o trabalho e a boa vizinhança.

O que se passa na sua cabeça?
O gozo
E na minha Clareza as idéias.

O que se passa?
Vidraça

O que se reza?
A ladainha e o berro do gado

O que se preza?
As vidas possíveis...

O que acomoda?
Nada. O peixe nada por não estar acomodado.

O que embola?
Baque virado.

Salta?
Açúcar!

Canta?
Arranco

Representa?
Crio.

Tormenta?
No cio!

Rebate?
Quem te pariu?

Talvez as vozes...

Eu que pergunto agora...

O que te desenvolve?

quarta-feira, junho 13, 2012

Corpo Na Moral

Então,
Não é que agiste mesmo
Na moral...
Igual, se essa quebrada se concerta
Deixa de ser errada e segue a seta.
Correto?
Mas e aí,
Quem diz qual o rumo que temos que seguir por certo?
Certo pra quem, seta de quem,
Hein?
Então,
Não é que agiste mesmo
Na moral e nem se deu conta...
Porque sou eu que presto contas
Eu, você, você e você.

terça-feira, maio 29, 2012

Coração é do corpo

Coração
Coração
Coração não é símbolo de amor
O coração não é símbolo
Coração é órgão, é pulso
É carne.

Coração rompido
Coração rompido não é símbolo de desamor
O coração não é símbolo
É infarto, disritmia,
Tecido adiposo, traído pelas gorduras do prazer, moral e anemia.

Arranco meu coração rock and roll
Entrego pro mundo dançar
E pisoteiam
Pisoteiam

Arranco meu coração Roberto Carlos
Entrego para o mundo amar
E chicoteiam
Chicoteiam

Lúpus silencioso
Parada cardíaca em câmera lenta
Gosto de sangue na boca
Gosma grossa correndo na veia.

Sangue de barata, raiva que não passa
E todo o resto
Todo o resto
É lama sutra, cama surda, decoro e modos.

Coração
Coração
Coração não é símbolo de amor
Coração não é símbolo
É corpo vil
Vital mecânica, funcional, objetivo mecanismo.

Coração
Coração partido não é símbolo de desamor
Coração partido não é símbolo
Partido é aquilo que foi embora.
Embora o que parta seja sinônimo de rompido.

Arranco meu coração bossa nova
Playboy carioca
E canto as belezas de Ipanema
Mas só da gangrena
Só da gangrena

Arranco meu coração em versos repentes
Solo meu sol nordestino
E o tiro é repentino
É repentino

Coração
Coração
Coração não é símbolo de amor
Coração não é símbolo.
É fio. O mundo hoje está por um triz
E no coração de todos as marcas da cicatriz.

segunda-feira, maio 14, 2012

Corpo para cima

Quais são as opções? Qualquer que seja a encruzilhada, sempre haverá os caminhos possíveis. Bem como a possibilidade de permanecer parado. Mas se busco o movimento, me parece o permanecer uma não opção. A não ser que tomasse meu olhar e verdade num sobressalto e investigasse se a partir de minha imobilidade pudesse, então, levitar e subverter a idéia de que todas as minhas escolhas de prosseguimento e procedimento estão pré-traçadas. Talvez assim fosse instaurado um jogo de pega-pega do qual não só a horizontalidade fosse meu chão da fuga, do drible e também da caça, mas também verticalidades e obliquoidades das quais não temos ainda alcance. Portanto, fico questionado em como acessar uma possibilidade da qual me parece de impossível realização. Meu corpo levitar? Isso sem considerar inconcebíveis atos como o teletransportar-se ou a transmutação. São outras relações de tempo e espaço a serem visitadas, aliás são outros ser e estar no mundo. Como? O campo da idéia hoje parece não bastar frente à velocidade com que o caminho da concepção ideal e sua materializacao é percorrido e cumprido. Portanto me parece sempre sofrível, hoje, quando um desejo, facilmente deixado apenas como um desejo em outrora, não for concretizado enquanto matéria palpável, em um hardware útil ao nosso cotidiano. O problema é que talvez não mais nos sobre desejos úteis, uma vez que inovações pensadas no passado, como carros voadores e autômatos realisticamente perfeitos, soam bregas e ultrapassados sem nem mesmo serem postos a venda. Esgotaram-se as verossimilhanças tecnologicas, qualquer criação ao nível do automóvel de Ford ou do computador da Apple deverão ser literalmente de outro mundo, pois o que vemos hoje são apenas desdobramentos de desdobramentos de desdobramentos. Tanto que a conectividade entre aparelhos de diferentes utilidades é o que tem salvado este tipo de indústria. Agregar valor sobre o já criado. Complemento e releitura. Criação sim, mas em que nível? Ou melhor, de qual natureza criativa? Há de fato espaço para descoberta?A questão é que o mercado não mais da conta de nossos desejos e, talvez por isso, tenta plantá-los em nós. Levitar não é um desejo de mercado, nem mesmo tem utilidade prática, nem mesmo aos ilusionistas - dá trabalho levitar! Assim como desaparecer e reaparecer exige um esforço pirotécnico, uma produção caríssima! Pois são estes os desejos que perpassam meu corpo. E agora tudo se mistura na paranormalidade de qualquer subjeto. Se passo a diluir a materialidade de meu corpo, idéia e ação não mais se apresentam como dicotomias em nossa concepção cartesiana de mundo. Se o nada levantar matéria e se a matéria se tornar um nada, tudo e nada poderão ser, então, verdades coexistentes, paradoxais verdades dúbias. E então a própria noção de verdade terá de ser reinventada, pois quando o impossível passa a ser 'possíveis' outras descobertas serão necessárias. E ao descobrir como descobrir, uma outra relação entre experiência de mundo concebida e possivelmente concebivel torna-se una no sentido de que tudo é possibilidade.

quarta-feira, maio 09, 2012

Corpo Frase

Toco tudo ao mesmo tempo
Tempo toca mesmo tudo ao
Mesmo tempo ao tudo toca
Tudo toco mesmo ao tempo
Mesmo tudo toca ao tempo
Todo tempo toca ao mesmo
Toque de todo tempo do mundo.
Molha a língua
Mingua a lua,
Sua, morena, sal!
Suor sereno
Veneno
Remo na úmida vaidade de seu ser
Certo é que todo me molho ao te ver.

domingo, abril 29, 2012

Sinceros Votos

Esse foi escrito há exatamente dez anos, para minha primeira oficina de teatro no projeto Amigos da Multidão... Sessão nostalgia. Obrigado Ângela por tantas vezes ser minha memória. Lamenta-se o Blues:

Meus sinceros votos de alegria
Às tristezas presentes na vida
São dados com a ira da ironia
Solta aos ventos da Cidade Prometida

Ao caos impera o "no time"
Solidão impera no tempo
O discurso de uma só voz
Cadê os meus companheiros?!

Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso

A emoção me rasga o peito
O sangue que jorra vermelho
Em vão cantei por perdão:
Condenado por perversão, seu cuzão

As cinzas, o caos
Os incêndios, normal
O olho que vê e não enxerga
Aceita as fatalidades

Por Deus eu imploro
Tio Sam, permissão
Pra rezar pelas almas penadas
Das crianças já condenadas

A dor da ilusão,
O futuro da nação
Aspirar o vazio, o nada
Rebelar-se de mãos atadas

Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso

Olho pra você
Zumbi da TV
No zap! A obsessão
Controle remoto da sua razão

Caminhe, faça, morra, coma,
Transe, cague e ande
Não, não vou chorar
Hipocrisia de pensamento

Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso

Piso na Cidade Prometida
Megalópole terceiro mundista,
O blues, a lamentação,
O caos, a população

"Superiores" estou aqui,
Não, não quero partir
A minha voz solitária
Vai cortar-vos feito navalha

Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso

Leandro Hoehne - 2002

terça-feira, abril 24, 2012

Eu não to ficando louco

- Mina, a gente tá perdendo o bonde!
-Podemos ser mais, logo,
Na maré que não é nossa,
Nosso barco só pode navegar fora.
O leme quer a contramão
Irmão
-Porque a minha infância foi no morro do CDM e minha juventude o não chorar de um pai morto
-Teme?
Treme... treme memo porque cada ruína é a sua própria história
-E a amizade não consegue saber o que quer porque é refém da própria introjeção da condição que quiseram pra ela.
-Os outros quiseram e querem sempre por você entende?
-Supera isso aí fiii
A gente não pode ter medo do dinheiro, ele é que tem que respeitar a gente.
-Podes crê amizade, podes crê.
-A roda não vai parar,
O bonde tá no trilho
E nossa sintonia se perdendo no ar.
Cê não vê que pode ser diferente?
Chega uma hora que a gente já aceita a miséria como nossa
A violência como nossa
A falta de dignidade como nossa
E a de liberdade também.
Ficar berrando aí, parado, berrando calado na tua vibe própria?
Ficar na fossa?
-Mina, a vida é nossa. Não interessa que você me traiu.
Amizade, a vida é bossa de ritmo falado. Não interessa que você me feriu.
Patrão, a vida é minha e temos o nosso trato. Não interessa o filé mignon no seu prato.
-Não?
-Meu rumo não ta feito. Nenhum bandeirante abriu minha trilha e se precisar subir, não vou de elevador.
-Cada cagada tem seu cheiro,
Cada apreço o seu preço,
Cada destino sua margem de erro
E cada erro tem seu troco.
-Aguarde. Eu não to ficando louco.



sexta-feira, abril 20, 2012

A larga medida entre o meu olhar e o seu beijo sem desejo explica o curta-metragem de nossa vida.

sexta-feira, abril 13, 2012

iPhone de Pandora - o poema

iPhone de Pandora
Pandora's mobile apps
Notes, remotes, facebook, iCloud
What's up
in New York?
E na Vila Nova Iorque
Tudo na mesma.
Everything is possible
on Pandora's iPhone...
Guarda infinitas surpresas.
Surprise!
E lá se vai
Também
The connection between our eyes?
Tantas besteiras poderiam ser evitadas
Enviadas
Via os bluetooths de nossa confiança, não é mesmo?
Mas os segredos, guardados na caixinha eletrônica, são como heras venenosas no prato que comeu.
Hoje é dia de selva bebê
E na selva eu te amo
E te respeito
Sou leão de juba raspada,
Nesse coliseum sou guerreiro.
E da caixinha de pandora tecnológica
Não tenho medo
Não tenho medo
iPhone de Pandora
Modern eletronic simulacrum of greek mythology.
iPhoda.

Jesus,
Desce cruz
Menino!

quarta-feira, abril 11, 2012

Em sua maioria
Minha família: mulheres
Meu trabalho: mulheres
Meus amigos: amigas
Vida boa essa minha

terça-feira, abril 10, 2012

Cada qual, cada um

Cada qual com sua reza
Cada um com sua pressa
Cada voz, seu palavrão
Cada limbo com sua escuridão

Cada mano com sua mina
Cada dor com sua penicilina
Cada amor com seu varal
Cada morada com o seu quintal

Cada mês com seu salário... Talvez
Cada escolha com sua altivez
Cada parcela, suas Casas Bahia
Cada baiana com sua mátria minha

Cada pai com sua morte
E cada arma com seu porte
Cada vida com seu norte
Cada tropeço com o seu capote

Cada rua, sua encruzilhada
Cada Oxossi, sua caçada
Cada filho sua pernada
Cada rumo sua calçada

Cada contexto, uma situação
Cada pretexto, algo malicioso
Cada lábia tem seu sexo
Cada homem tem o seu complexo

Cada perna tem sua sedução
Cada hormônio, lugar no tesão
Se for de corpo, cada alma conflito
Se for de cristo, pecado tá dito

Cada mulher, uma beleza própria
Cada razão com sua razão própria
Cada casal com sua fidelidade
Cada moral com sua idoneidade

Cada vontade, o mel da sua boca
A cada mel, uma vontade louca
Na poesia mais uma solidão
Em cada noite um gole de ilusão

Pra cada amor, uma dose a mais
Cada fulgor, abandonado ao cais
Mas a verdade é que a realidade volta
E por dinheiro, a luta é sem escolta

Cada playboy tem o seu nice boot
Cada perfil tem o seu facebook
Cada criança tem seu choro de fome
Seja feijão, ou do que não consome

Cada peão tem o seu trabalho
Cada patrão, à casa do caralho
Eu só não sei se cada qual tem vez
Em ser na vida o ser humano do mês

O ser humano do mês
O ser humano do mês
O ser humano do mês

--

Cada Grécia com sua Tróia
Cada favela tem a nossa nóia.

sábado, abril 07, 2012

quinta-feira, abril 05, 2012

Corpomano

Hoje em dia
É bonito dizer que veio de baixo
É bonito
É bonito
É bonito quando o discurso é operário
É bonito
É bonito
É bonito circular pela periferia
É bonito
É bonito
Bancar de mano e falar na gíria
Se liga
Se liga
Que tem gente querendo saltar no bonde da quebrada nossa
Embassa
Amassa
A massa
A
Massa
Inda vai comprar com a grana o lugar da janelinha
Alinha
A linha
Cerol e rabiola
Bola, embola, embolada
Que nada
Que nada
Roubada
Roubam nosso ouro
E escondem na toca
Se toca
Se toca
No túnel da moral que vem do capital
Assoite
A noite
Fumam nosso verbo
Cheiram nosso senso
Astral
Neural
Brutal
Brisam em nossa cara e gozam no nosso quintal.

Eu tinha que falar
Foi mal

Vendem-se ao político da situação
Resolvem com o Diabo como ficar bem na fita,
Porque em seus caminhos faltam atitudes
Em nossa encruzilhada exu abre caminho e manda bem na rima.

Então passa pra lá e vê se toma jeito
Que é feio
É feio
É feio
Mamãe não te ensinou a ter vida própria
Se importa?
Se importa
De assistir de fora e esperar o apito?

Porque aqui só joga bola quem circula nas vielas convicto.

terça-feira, abril 03, 2012

Corpo Também

Gosto do também
Abre mais que uma possibilidade
Revela a verdade de que nada pertence exclusivamente a nada
De que ninguém é de ninguém e de que qualquer coisa pode ser daquilo que se tem ou não se tem
Também
Há o que há e o que não há
Tambéns ancestrais, astrológicos, astronômicos, míticos, científicos, analíticos, estatísticos, políticos, módicos, lógicos, agnósticos.
O também desmistifica a ciência,
Serve às poesias do mistério
Reage às estratificações do sentido
Perverte a simbologia, inverte o exclusivismo.
Também, não poderia ser diferente, num universo tão cheio de possibilidades
Qualquer desconsideração de que o correto também pode estar errado
De que o aberto também pode estar cerrado
O concreto, abstrato,
O contemporâneo, ultrapassado
De que morto também vive em outro estado,
Serve ao simples fato de que tudo é múltiplo e sempre poderá ser multiplicado.
O também me tira da zona de conforto
Me lança no abismo da incerteza
Me revela ambientes incomuns, paisagens amorfas.
Fortalece o contexto porque dá poder ao depende.
Assim nada será só branco ou só preto,
Só pulga ou percevejo
Depende
Só soldado ou cangaceiro
Viajante ou hospedeiro.
Depende
Também depende de onde me posiciono
Por qual fechadura espia meu olho
Qual envergadura do meu campo de visão proponho,
A qual distância experimento meu olhar.
E, para além da vista,
Enfim,
Ou seja
Também depende,
Assim,
Se estou afim
De encarar a metafísica.

sábado, março 31, 2012

TNT

Ninguém aqui é pedra
Certo?
Então mexa-se.

Ninguém aqui é ponto de buzão
Certo?
Então mova-se.

Ninguém aqui é poste
Certo?
Então desloque-se.

Agora

Se um branquinho como eu ficar aqui te dando ordem,
Evoque Zumbi
Martin Lutter King
Pule os muros de Berlim
Risque o fósforo da desordem e

Quem sabe

Seja o caso de replantar sua raiz e resistir, resistir, resistir, resistir

Resistir, resistir, resistir, resistir...
E explodir, explodir, explodir, explodir

Explodir, explodir, explodir, explodir
Com tudo isso que tá aí

Poste, ponto, muro, encosto...
Arme-se de um aposto,
Sujeito, objeto, período composto, predicados verbais,
Metáforas
Mas nada de pleonasmo ou eufemismo.

Monte kits com refrões de rebeldia.
Arme o trinitrotolueno e exploda em poesia, poesia, poesia, poesia...

domingo, março 25, 2012

Corpo Paisagem

Vista daqui,
Belas sombras
Belas luzes

Avista belo monte de curvas sem veias centelhas vermelhas aos meios seios as costas a mostra

Pavíos partidos oferecem menos fogo.

E um Domingo assim, morno...? Cabe à reza dominical descarregar o cansaço da semana e já sofrer com as batalhas que virão.

Dessas paragens quero criar vida boa
Vida que é mais vida
Vida que é mais a toa
Toada de um fôlego só!
Parar de ver prazer só quando existir miragem

Então

Deixe-me olhar mais um pouco a paisagem...


terça-feira, março 20, 2012

Fulano Corpo

Fulano refletia no horizonte o pôr do sol,
Nos olhos um mel de saudade
Saudade doce e caldalosa
Que só depura em momentos bons.
Fulano sentia no horizonte um cobre brilhante.
No peito um vício de sol,
Sol que não se sabe se é de fora ou se é de dentro,
Solo de guitarra ou rebento.
Fulano sentia no horizonte uma brisa febril.
No sexo o própolis da abelha rainha,
Fel cicatrizante, curativo sumo, eficaz
Reverso veneno.
Fulano sentia a cabeça pesar
Pender para baixo, sobre as pestanas sombrias de um olhar esquecido, longe.
O horizonte não parece ser mais horizonte
A beleza do infinito, agora púrpura cor, caía abaixo da noite de seus joelhos,
Finas canelas e frágeis tornozelos...
Do corpo
Todo...
Corpo, todo
Fulano corpo,
só não sentia os pés,
Que flutuavam na vasta e intensa
Solidão.

sexta-feira, março 16, 2012

Samba Quadrado

Ando meio mal dos humores
Insatisfeito com os rumores
Descrente dos senhores
E senhoras que me vêem.
Se minha vida fosse mais de boemia
De esculachos, meias lidas,
Meios fios e meias medidas
De uma dose a mais de amor...
Se da metade não entende nem um terço
Podes crer que eu não mereço
O julgamento que me tens.

E na favela o sol nasce atrasado
Nego já tá no trabalho antes do galo cantar
Quem dera eu ter ficado com a morena
Nua, tem pele serena e suspira quando chego.
Alço vôo, sigo em dia, e sem consolo,
Ao patrão mais um esfolo, um pedaço do meu couro, sem acrescer nem um vintém.

Como um canto sem seu coro,
Uma sina sem penar,
Como um santo em oratório sem uma reza a iluminar,
Segue a vida com dois pesos, dois salários e respeitos,
Há mais deveres que direitos
Mais discurso que viver.

Porque é que a vida, delicada como donzela,
Prefere outra aquarela, outra sequência de cores?
Mesmo se cinza, prata, chumbo, é a cor dela
Fica desejando aquela que é mais a cara aos amores.

E colorida menos fica a sequência,
Marcada a cumprir sentença
Por causa de um mal entendido qualquer.
Quem foi que disse que o sofrimento é que é a regra
Pro peão que, aflito, espera
O pagamento do mês?

E o sol desce muito antes do horário,
Nego nem voltou do trabalho
Tanto mais viu a mulher.
Se há partida, tem de haver a despedida,
No boteco ao fim do dia
Samba um choro quadrado.
Quando às cartas vira a mesa
Aposta tudo o sonhador
Se o jogo é com a vida
O destino é o ganhador.

Ando meio mal dos humores
Insatisfeito com os rumores
Descrente dos senhores
E senhoras que me vêem.
Se minha vida fosse mais de boemia,
De esculacho, meias lidas,
Meios fios e meias medidas
De uma dose a mais de amor...
Se da metade não entende nem um terço
Podes crer que eu não mereço
O julgamento que me quer.

domingo, março 11, 2012

Sono em Clara em Neve


Se bato o sono em clara em neve
A cara fica fofa,
Pesa a pestana e o olhar não estabiliza o giro.
Então
Me dou conta que pro sonho só vai gema e
A clara, que pena,
Só gera suspiro.

sexta-feira, março 09, 2012

Magrela

Saí eu e a magrela
Somente eu e ela
Lá no céu a lua cheia
Aqui no chão volta e meia
Pedalo
Na favela, pagode na viela.
Alguns com baseado outros Inconformados guardando suas preces em garagens de amém
Tem também a gostosinha dos mano,
As piriguete rebolando, ô se tem.
Vai e vem
Sobe morro, desce morro
Não sei se morro
Puxo o fôlego
Vem cigarro, vem esgoto, vem cheiro de jasmim do perfume da...
Sei lá, deve se chamar Iasmin.
Subo mais um morro, desço mais um morro.
Já contei onze só até a Praça Onze,
Não sei se pedalo ou se corro.
Calma mano, que isso aqui não é coito.
Respiro a valsa da quebrada... Me sinto completamente em casa.
A lua lá no céu
A luta cá na terra
Jorge me olha curioso e não dou a mínima pro dragão.
Até porque eu sou timão...
A lua hoje é bela, tranquilo sigo pedalando na favela
Vou em frente
Porque sei

Sei que tem também
Por aqui
Gente de bem.

Corpo Móvel

A mobilidade se mede no direito de ir e vir. As idéias vem e vão. Os prazeres também são passageiros, muitas vezes mais do que queremos. Andar por aí fotografando pelas retinas do celular, quase que formado por células humanas. Quase tão inteligente, também quase tão carente. A mobilidade, que tanto tem a ver com liberdade e que por sua vez tanto tem a ver com vida, é hoje fabricada e aprimorada em aplicativos, pads, pods, tablets, smarts, pode? Posso seguir adiante? Esse transitar enquanto estou empacado no trânsito e o comunicar mudo enquanto penso lendo-me em voz alta no pensamento sem saber o que realmente pensa o outro a alguns impulsos elétricos de distância, são mais das belezas paradoxais contemporâneas. Aquele meu nomadismo cigano permanece, porém esta condenado a ser traduzido nas letras deste alfabeto virtual. Um movimento sem movimento, um adiante aqui plantado num banco do metrô. Onde chega esse meu móvel pensamento? De qualquer maneira, são só pensamentos... Permitidos de serem publicados enquanto pago a operadora de celular, ao mesmo tempo em que duram enquanto há bateria de lítio. Defenderei a mobilidade até o fim, mas preciso entender que não depende de mim o tanto que para além do celular quão móvel o resto do mundo deseja a vida.