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sábado, março 31, 2012

TNT

Ninguém aqui é pedra
Certo?
Então mexa-se.

Ninguém aqui é ponto de buzão
Certo?
Então mova-se.

Ninguém aqui é poste
Certo?
Então desloque-se.

Agora

Se um branquinho como eu ficar aqui te dando ordem,
Evoque Zumbi
Martin Lutter King
Pule os muros de Berlim
Risque o fósforo da desordem e

Quem sabe

Seja o caso de replantar sua raiz e resistir, resistir, resistir, resistir

Resistir, resistir, resistir, resistir...
E explodir, explodir, explodir, explodir

Explodir, explodir, explodir, explodir
Com tudo isso que tá aí

Poste, ponto, muro, encosto...
Arme-se de um aposto,
Sujeito, objeto, período composto, predicados verbais,
Metáforas
Mas nada de pleonasmo ou eufemismo.

Monte kits com refrões de rebeldia.
Arme o trinitrotolueno e exploda em poesia, poesia, poesia, poesia...

domingo, março 25, 2012

Corpo Paisagem

Vista daqui,
Belas sombras
Belas luzes

Avista belo monte de curvas sem veias centelhas vermelhas aos meios seios as costas a mostra

Pavíos partidos oferecem menos fogo.

E um Domingo assim, morno...? Cabe à reza dominical descarregar o cansaço da semana e já sofrer com as batalhas que virão.

Dessas paragens quero criar vida boa
Vida que é mais vida
Vida que é mais a toa
Toada de um fôlego só!
Parar de ver prazer só quando existir miragem

Então

Deixe-me olhar mais um pouco a paisagem...


terça-feira, março 20, 2012

Fulano Corpo

Fulano refletia no horizonte o pôr do sol,
Nos olhos um mel de saudade
Saudade doce e caldalosa
Que só depura em momentos bons.
Fulano sentia no horizonte um cobre brilhante.
No peito um vício de sol,
Sol que não se sabe se é de fora ou se é de dentro,
Solo de guitarra ou rebento.
Fulano sentia no horizonte uma brisa febril.
No sexo o própolis da abelha rainha,
Fel cicatrizante, curativo sumo, eficaz
Reverso veneno.
Fulano sentia a cabeça pesar
Pender para baixo, sobre as pestanas sombrias de um olhar esquecido, longe.
O horizonte não parece ser mais horizonte
A beleza do infinito, agora púrpura cor, caía abaixo da noite de seus joelhos,
Finas canelas e frágeis tornozelos...
Do corpo
Todo...
Corpo, todo
Fulano corpo,
só não sentia os pés,
Que flutuavam na vasta e intensa
Solidão.

sexta-feira, março 16, 2012

Samba Quadrado

Ando meio mal dos humores
Insatisfeito com os rumores
Descrente dos senhores
E senhoras que me vêem.
Se minha vida fosse mais de boemia
De esculachos, meias lidas,
Meios fios e meias medidas
De uma dose a mais de amor...
Se da metade não entende nem um terço
Podes crer que eu não mereço
O julgamento que me tens.

E na favela o sol nasce atrasado
Nego já tá no trabalho antes do galo cantar
Quem dera eu ter ficado com a morena
Nua, tem pele serena e suspira quando chego.
Alço vôo, sigo em dia, e sem consolo,
Ao patrão mais um esfolo, um pedaço do meu couro, sem acrescer nem um vintém.

Como um canto sem seu coro,
Uma sina sem penar,
Como um santo em oratório sem uma reza a iluminar,
Segue a vida com dois pesos, dois salários e respeitos,
Há mais deveres que direitos
Mais discurso que viver.

Porque é que a vida, delicada como donzela,
Prefere outra aquarela, outra sequência de cores?
Mesmo se cinza, prata, chumbo, é a cor dela
Fica desejando aquela que é mais a cara aos amores.

E colorida menos fica a sequência,
Marcada a cumprir sentença
Por causa de um mal entendido qualquer.
Quem foi que disse que o sofrimento é que é a regra
Pro peão que, aflito, espera
O pagamento do mês?

E o sol desce muito antes do horário,
Nego nem voltou do trabalho
Tanto mais viu a mulher.
Se há partida, tem de haver a despedida,
No boteco ao fim do dia
Samba um choro quadrado.
Quando às cartas vira a mesa
Aposta tudo o sonhador
Se o jogo é com a vida
O destino é o ganhador.

Ando meio mal dos humores
Insatisfeito com os rumores
Descrente dos senhores
E senhoras que me vêem.
Se minha vida fosse mais de boemia,
De esculacho, meias lidas,
Meios fios e meias medidas
De uma dose a mais de amor...
Se da metade não entende nem um terço
Podes crer que eu não mereço
O julgamento que me quer.

domingo, março 11, 2012

Sono em Clara em Neve


Se bato o sono em clara em neve
A cara fica fofa,
Pesa a pestana e o olhar não estabiliza o giro.
Então
Me dou conta que pro sonho só vai gema e
A clara, que pena,
Só gera suspiro.

sexta-feira, março 09, 2012

Magrela

Saí eu e a magrela
Somente eu e ela
Lá no céu a lua cheia
Aqui no chão volta e meia
Pedalo
Na favela, pagode na viela.
Alguns com baseado outros Inconformados guardando suas preces em garagens de amém
Tem também a gostosinha dos mano,
As piriguete rebolando, ô se tem.
Vai e vem
Sobe morro, desce morro
Não sei se morro
Puxo o fôlego
Vem cigarro, vem esgoto, vem cheiro de jasmim do perfume da...
Sei lá, deve se chamar Iasmin.
Subo mais um morro, desço mais um morro.
Já contei onze só até a Praça Onze,
Não sei se pedalo ou se corro.
Calma mano, que isso aqui não é coito.
Respiro a valsa da quebrada... Me sinto completamente em casa.
A lua lá no céu
A luta cá na terra
Jorge me olha curioso e não dou a mínima pro dragão.
Até porque eu sou timão...
A lua hoje é bela, tranquilo sigo pedalando na favela
Vou em frente
Porque sei

Sei que tem também
Por aqui
Gente de bem.

Corpo Móvel

A mobilidade se mede no direito de ir e vir. As idéias vem e vão. Os prazeres também são passageiros, muitas vezes mais do que queremos. Andar por aí fotografando pelas retinas do celular, quase que formado por células humanas. Quase tão inteligente, também quase tão carente. A mobilidade, que tanto tem a ver com liberdade e que por sua vez tanto tem a ver com vida, é hoje fabricada e aprimorada em aplicativos, pads, pods, tablets, smarts, pode? Posso seguir adiante? Esse transitar enquanto estou empacado no trânsito e o comunicar mudo enquanto penso lendo-me em voz alta no pensamento sem saber o que realmente pensa o outro a alguns impulsos elétricos de distância, são mais das belezas paradoxais contemporâneas. Aquele meu nomadismo cigano permanece, porém esta condenado a ser traduzido nas letras deste alfabeto virtual. Um movimento sem movimento, um adiante aqui plantado num banco do metrô. Onde chega esse meu móvel pensamento? De qualquer maneira, são só pensamentos... Permitidos de serem publicados enquanto pago a operadora de celular, ao mesmo tempo em que duram enquanto há bateria de lítio. Defenderei a mobilidade até o fim, mas preciso entender que não depende de mim o tanto que para além do celular quão móvel o resto do mundo deseja a vida.