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terça-feira, dezembro 20, 2005

Corpos que me vêem

Par em par mar em mar lar em lar dar por dar par em lar mar em par lar em dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar
ã? dar andar andar andar andar andar de lar em lar de par em par de mar em mar nunca dantes navegados

Sou angústia
Nunca sou suuuu(entoar sílaba para o agudo)ssegado
Sou fado

Não me enxerguem assim por estas vias do clichê.

sábado, dezembro 17, 2005

Corpo que me queiras

1962 - Monica Vitti e Alain Delon

Vivia a te buscar no além mar
Ora pois Camões não me trouxe
Ora cá me pões a traçar
Caminhos de jabuticabeiras
E jabuticabas engruvinhadas no caule do meu corpo
Sou suco
E sou morto
Sou parte
E sou todo
Sou memória, só memória
Por isso não me lembro das coisas
Sou a própria

Vivia a te buscar nas terras do Araçá
Real
Romã vermelho é certeiro amor
Sete sementes no reveillon
E sete suspiros debaixo dos lenções
Sou Hanói-Hanói
Por isso não me atenho mais nas coisas
Sou a própria

Vivia a te buscar nas terras dos sem fim
Nunca nas do Nunca
Te queria madura
Engruvinhada de jabuticabas no corpo
Que se fizesse suco e derramasse aos caminhos
Não sou tão menino
Vontade vã querer estar hoje Peter Pan
Você Sininho
Monica Vitti e Alain Delon
É mais a minha ansiedade
Sou imagem, só imagem
Por isso não me fixo no que vejo
Sou a própria.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Corpo da Ponta do Dedão



Segue o círculo em sua aventura redonda, pelo mundo redondo, que nos circunda. Segue o eixo que nos ergue; giramos em sua cabeça ou é a sua cabeça que nos gira? Segue o círculo em sua alegoria de eterno retorno, de começo no fim e fim como recomeço. Segue o caminho que o meu olhar traça, transa do olhar sobre o seu jeito de me aceitar. Sigo enganando que sou de dança, que sou de circo, que sou músico, que sou performer, sigo enganando que sou multi. E por seguir enganando sou um bom ator. O que vale é ser bom artista. Também engano que sou poeta e que sou bom de cama. Engano que sou humano e que sou normal. Tenho minha digital no dedão, na íris e na arte. Ninguém faz da minha e não faço da de ninguém. Só me inspiro, tenho referências. Mas imprimo a minha identidade, o que me deixa estar bonito. Assim o círculo se amplia e se fecha em si mesmo.

Texto escrito na folha sacanneada acima a algumas angústias atrás...

Corpo Margarida

Margaridas
Que flor será que você é? Adoro flores. Quer ganhar um sorriso besta, fácil fácil? Me dê uma flor. Não importa qual, gosto de todas. Pequenas, grandes, coloridas, classudas ou descontraídas, solitárias ou Marias-sem-vergonha. Todas, dêem-me qualquer uma que devolvo um abraço apertado e um sorriso gostoso. Que flor será que você é? Já ouvi dizer que sou um Gira-sol. Gostei... é grande, imponente, amarelo ouro, e gira (quer mais qualidade que girar com inteligência?) e sempre se renova, morre e renasce, como os grandes artistas. Sua semente dá bom oleo e suas pétalas são de veludo. Não tem cheiro, a não ser de quando úmido... mas é cheiro comum, sem grandes aromas de rosa, dama-da-noite e outras rainhas do bom odor. Porém também não encomoda. Fica mucho fácil, é verdade. Precisa de água com frequência e nunca, nunca, aceita bem uma sombra fresca. Se magoa com facilidade, precisa sempre de energia. Não faz questão de boa terra, se vira sempre com o que dá pra recolher de nutriente, tem o tronco forte e boa base de raiz, parece sempre sorrir e quando mucha é impossível ficar olhando e não fazer nada... é, parece que gira-sol combina mesmo comigo... que flor será que você é? As orquídeas são de fácil identificação. As damas-da-noite e as marias-sem-vergonha em companhia das marias-vão-com-as-outras tmabém. Tem os Lírios que são misteriosos e as violetas que são inocentes (salvo as escuras que tem um ar de segredo). As Brincos-de-princesa são preciosidades frágeis. E as flores de Ipê são símbolo nacional. Que flor será que você é? As rosas só existem no passado romântico, hoje são apenas símbolos de uma época que já passou. As tulipas me lembram sempre uma vagina, é uma flor sexual pra mim que, junto com as flores de lótus, talvez sejam as únicas espécies que pra mim o link com o corpo seja direto. A flor-de-lis é mágica. Na maioria das vezes solitária, mas com repercussão simbólica em diferentes culturas... deve nos dizer algo, não? Que flor será que você é? Flor do campo? Hibisco? Rododendros? Olho pessoas e vejo flores o tempo todo... mas o mais curioso é como brotam margaridas na minha terra. De miolo amarelo, pétalas brancas, delicadas, de ingenuidade tênue, mas com uma força de rainha do campo, domina os pastos e conquista a quem passa por perto. Margaridas, as minhas preferidas(andando lado-a-lado com as tulipas e os brincos-de-princesa). É na aparente simplicidade que elas me facinam, mas é na dualidade que elas me viciam:

Berro no alto do prédio, no meio fio, no penhasco e me jogo a céu aberto. Me jogo em mar aberto. Me jogo. Me atiro de cabeça até morrer de traumatismo. Me afogo nos ares, nos bares, mesmo que não beba, não sinta, não se entristessa pros outros. Só pra mim mesmo... sopra o vento das flores. O perfume das margaridas, tão belas e fedidas, me atraem e me repelem. Essas pessoas-margaridas que sempre brotaram em minha terra. Grito por passagem, corro pelos campos com amargas-feridas, há margaridas plantadas por todos os lados. Berro por liberdade e que se danem as pétalas caídas...

Há margaridas. Amarga ri das minhas pétalas caídas. Já era, caí com sede ao pote. Agora fico estirado no meio do nada encoberto pelas rainhas do campo.
O que tenho a fazer senão deixar-me ser gira-sol solitário girando pro sol e rezando pras nuvens não sombrearem meu corpo?

Que flor será que é você?

quarta-feira, dezembro 14, 2005

O Corpo que Acorda; O Corpo que Sonhava - Contraponto da minha vida e Acordei que Sonhava do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos


Um dia acordei que sonhava. E sonhando segui acordando de um sono bom. Se durmo ou se sonho com sono de recém partido é porque sumo pro meu bem... pro nosso bem... por sumir assim não deixando que se realizem as vontades que pra você é um pesadelo ruim. Andar no meio fio, ver de cara a posição da escolha... sendo assim, escolho seguir sonhando que acordo, mesmo que durma sobre as saudades das poucas vezes dormidas ao teu lado nos quatro anos de sonho acordado. Te amo e não sei se devo te amar. Acordo e preferia continuar dormindo num sono profundo e sem hora de ser. Um dia acordei que sonhava, tá na hora de acordar de verdade... um dia...

Corpo Hai Kai - 2

O que me deixa
Deixa-me
Aos olhos de gueixa.

Pelas flores sigo cor-de-rosa.
Aos amores
Pinto cores negras.

Degenera; o ser habita
O vale valioso.
Chumbo e ouro num mesmo balaio de gato

Miau!

Meus olhos de lince.
Chegam em vigia
Meus traços tristes. Pelas noites vagueio.

Corpo Hai Kai
Cai cai
Sobre os campos poéticos.

Cai cai balão cai não
Na minha mão
Ainda guardo os meus segredos.

Quais segredos?
Adeus a Deus
Adeus Papaia e Seu Cassis.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Corpo... o corpo que se foda.

É só aqui que me acalmo. Tem razão Jú, as pessoas criam essa imagem em mim de que sou muito tranquilo mas na realidade eu grito a todo momento, elas que não me escutam... e berrando por tranquilidade volto antes do começo do ano que vem. Mesmo exausto escrevo, já que é assim que me sinto bem... como não estou bem:

Sobre um "estar legal" da vida, amigos, nada, afinal, que estar por perto, desperto e incondicional. Um ser aberto para idéias e ideais de um só, e só um, ideal: De sem sempre ninguém, mais que alguém desperto e incondicional. Um ser aberto para idéias e ideais de um só, e só um, ideal: de estar bem, se estiver bem perto de mim.

Sei lá, vou sarapantar. Vou sarapantar, vou me embora. Partindo da palavra adeus, adeus a Deus. Andando aos passos... aos passos lentos. Pareço volto para um lugar que eu nunca saí de lá. Viajando em pensamentos, ora sou macaco, sou peixe, pinguim, dinossauro, ora sou cavalheiro, ora sou prisioneiro. Saídas existem várias e muitas dessas entradas começam aonde termina a outra saída. Vai e volta, vem e vai. Sai e entra e entra no que sai. Ir também é voltar mesmo que não se olhe pra trás para aprender o caminho. Mesmo que não se lembre mais, mesmo que saia pra nunca mais, mesmo que cante a despedida e bote fé nessa saída vai e volta vem e vai. Sai e entra e entra no que sai. Ir também é voltar mesmo que não se olhe pra trás para aprender o caminho. Adeus a Deus.

Dois textos... duas músicas. Não sei se tô mais tranquilo. Não, não tô mais tranquilo. Adeus a Deus.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Corpo Fim de Ano


Enquanto o tempo atravessa os meus ossos eu recebo facadas. Feridas que se abrem e não se fecham, sangram em direção à história dos amores perdidos, pela ignorância dos que não sabem amar. Fiquei muito tempo sem escrever neste espaço. Abandonei essa virtualidade porque o abandono é o que me é mais recorrente. E não consegui mais escrever, não consegui mais comentar (desculpa Jú), larguei mão das coisas pra tentar não largar mão do que precisava resolver de urgente. Mas cá estou de volta. Reocupo aquilo que pra mim é valioso, que não se perde assim como se perde quatro anos de namoro... por causa da ignorância dos que não sabem amar. Reocupo o meu espaço com a minha expressão. Com as palavras destreinadas de um certo tempo de feridas abertas sem oportunidade para aparecerem em palavras, em Corpo Aberto. Tantos corpos me passaram pela cabeça, tantos conceitos, tantas análises e tão pouca discussão. Ficaram presos estes corpos num Corpo Magoado. O Corpo Abandono, o Corpo Multiplicado, O Corpo Multi, o Corpo Aberto, O Corpo Expandido, O Corpo Intuição, o Corpo Distraído, estão todos em algum canto de caderno rascunhados, mas acho que aparecerão aos poucos por aqui. Mas também tem o Corpo Tempo que sempre quer retornar no seu eterno Eterno Retorno, o Corpo Eterno Retorno, o Corpo Âmago, o Corpo Fada e o Corpo Circo. O Corpo Incerto, o Corpo Revolta, o Corpo Militante e o Corpo Social. Quantos corpos nesse meu caderno de corpos desenhados para serem um dia discutidos nesse nível publico de comunicação. Mas o ano acaba e eu estou exausto. Cansado de segurar rojão com os dentes e ter que levar tudo numa boa. De aceitar situações e não ter de volta o mesmo nível de compreensão. De saber que a omissão foi usada tantas vezes como estratégia de batalha. E que porra de batalha impossível de compreender. Por isso não escrevo mais por esse ano, porque estou exausto. Preciso processar tudo isso de outra forma. Fazer repouso, cicatrizar as feridas pra conseguir abrir caminhos de compreensão. Meditar, dançar, tocar muito violão e não fazer nada que me faça pensar nas minhas angústias. Porque estou exausto. e prefiro ficar assim, sem falar nesses corpos, ficar no meu Corpo Fim de Ano e deixar tudo pro ano que vem.

domingo, novembro 27, 2005

Corpo Sem Querer II

Deixo mais um texto, como diria Chiquinho Francisco Medeiros, só pra provocar...


"Na realidade a magia é uma ciência divina.
Na verdadeira acepção da palavra, ela é o conhecimento de todos os conhecimentos, pois nos ensina como conhecer e utilizar as leis universais. Não há diferença entre magia e misticismo, ou qualquer outro conceito com esse nome, quando se trata da verdadeira iniciação. Sem se considerar o nome que essa ou aquela visão de mundo lhe dá, ela deve ser realizada seguindo as mesmas bases, as mesmas leis universais. Levando em conta as leis universais da polaridade entre o bem e o mal, ativo e passivo, luz e sombra, toda ciência pode ser aplicada para objetivos maléficos ou benéficos. Como por exemplo uma faca que normalmente só deve ser utilizada para cortar o pão, nas mãos de um assassino pode se transformar numa arma perigosa. As determinantes são sempre as particularidades do caráter de cada indivíduo. Essa afirmação vale também para todos os âmbitos do conhecimento secreto."

FRANZ BARDON

Sou secreto? Sou aberto? Sou o que sou, e o que não sou, não conta? Meu caráter característico é ser místico? Intuo, logo existo? Entôo a minha confusão...

Corpo e alma... eu digo calma alma minha calminha. Alma e corpo, não entendo a dicotomia... calminha, você tem muito que aprender.

Corpo Sem Querer

Hoje deixo que digam por mim... estou assim sem querer.


Alma Nova
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro e Fernando Abreu

Sempre que te vejo assim
linda nua e um pouco nervosa
minha velha alma
cria alma nova
quer voar pela boca
quer sair por aí

Refrão
e eu digo
calma alma minha
calminha
ainda não é hora de partir

então ficamos
minha alma e eu
olhando o corpo teu
sem entender
como é que a alma entra nessa história
afinal o amor é tão carnal
eu bem que tento
tento entender
mas a minha alma não quer nem saber
só quer entrar em você
como tantas vezes já me viu fazer

Refrão
e eu digo
calma alma minha
calminha
você tem muito o que aprender

quarta-feira, novembro 23, 2005

O Corpo que Quer Ser

Experiências são tiros no escuro... tiros são tiros, sempre tiros. E o que não é, não importa? Experiência não é certeza de certeza. É na incerteza que ela se faz sedutora. É no acaso que pinta o seu corpo experiência. Tiros são tiros e sempre estiveram prsentes na minha vida. Os que me conhecem sabem bem das minhas experiências balísticas. Essa minha tranquilidade me deixa sempre na distração e na distração permaneço inconsciente nas minhas ações. Pensando coisa... no Pico do Jaraguá, no guaraná, no desejo da perversão. Minhas vaidades guardadas. Tenho mil experiências esperando vasão para acontecer. Queria ter a medida pra saber quando a vasão tem que ser dada por mim mesmo. As vezes sinto que desenho corpos em mim que não são meus, que parecem não fazer parte de mim. Ao mesmo tempo pareço que exagero tanto outros desenhos de corpos que acabam fugindo de minha percepção. Qual a medida da experiência? O que Artaud me diria? Quanto ainda falta pro chumbo virar ouro? Será melhor continuar sendo um chumbo vaidoso? Arrumar o penteado e sair a rua desfilando o cinza escuro... Meu corpo ainda não é, mas quer ser experiência. Talvez essa seja a medida, do corpo que é e do que ainda quer ser. Ter a humildade de perceber os processos em construção. Não tenho pinto suficiente pra experimentar as experiências que me proponho. Portanto sigo no imaginário, amadurecendo as idéias de escancarar essas minhas vaidades guardadas e extravasar na amoralidade de minhas pulsões nietzschanas. Talvez por não querer enlouquecer na incompreensão do outro, na inaceitação deste ser que cheira primitividade, que parece não caber no social e no religioso pelo seus parâmetros morais. Sigo tentando ser artista...

quarta-feira, novembro 09, 2005

Meu Corpo Oposto

Pode, pode cantar em meu corpo. Pode cantar em minhas víceras vermelhas de raiva. Pode dançar na minha pele esfolada pelo tempo. Pode atuar em meus ouvidos, falando mentiras, me enganando com a rádio novela e suas promessas e desculpas, mil desculpas. Não se preocupa com o que corróe e não aparece? Esse meu corpo Lê dos mil sorrisos, dos carinhos e abraços pra todas as horas, também cansa. Me ver assim forte, andando sem camisa, desfilando o físico, escondendo o corpo cansado, exausto, mole por dentro. Sou um detento dessa vontade de estar bem o tempo inteiro, de seguir viagem com o step furado e acelerar pro penhasco. Esse jogo cansa. Meu corpo não nasceu pra levar porrada de quem eu amo. Murro no estômago, chute na canela e cotovelada no fígado, vermelho de raiva. Eu não mereço isso. Mereço? É o preço dessa sina de se doar sempre? Será que acabaram as jabuticabas e chacoalham o meu tronco pra sempre cair mais e mais? O tronco da jabuticabeira é frágil, frágil. Se apaixona fácil fácil, seduz até sem querer e aí tem mil trepadeiras usurpando da sua seiva. Mas tristeza me dá, me enfraquece de verdade, quando essa trepadeira é quem você depositou todas as suas energias por simplismente amá-la. O Corpo Lê é nessa madrugada um corpo frouxo, melancólico, triste, magoado. E nessa alteração de estado descubro mais um aspecto em Corpo Lê, meu Corpo Oposto, meu estado vazio, tão contrário as cores que costumo irradiar, descobri que também sou incolor. Agora tenho em mim a noção de Meu Corpo Oposto, porque aquilo que não define, que não é, também conta... não conta?

sábado, novembro 05, 2005

O Corpo Ponto de Referência

E essa noção centro-periferia? Quero criar a noçcão de ponto de referência do próprio corpo. Eu estou aqui...

Se algum aspecto esse meu corpo Lê quer romper logo de cara é essa relação que, julgo mesmo, foi criada por um asno e seguida por outros tantos. Pra que falar tão em dicotomia? Centro e Periferia... porque não se divide em milhares de partes ou considera-se tudo uma unidade? Pra que essa briga favela e Pacaembú. Se nessa estrada Perdizes da vida eu tô nos dois. Todo santo dia! Trem Calmon Viana estação de Comendador Ermelino; Brás - metrô Barra Funda. Subo a ladeira e chego na PUC. Ver gente bonita, saudável, inteligente. E mal sabem elas que cruzei com gente lendo Nietzsche no vagão... concentrado. Ou então quando pego meu fusca 73 e vou pela Avenida Assis Ribeiro, divisa com Guarulhos. Heita fim de mundo! Sou um privilegiado. Sou um dos poucos que sabe que viver no centro ou na periferia é só uma questão de olhar geográfico. E a diferença pára aí. Ou pararia se não fossem os asnos seguidores da teoria do que é longe não é interessante. Sem contar na violência! Nossa, quanto tiro! Quanto mano! Quanta maloca! Saudosa maloca, maloca querida... e a cultura? Parece que só existe até a Mooca... mas eu tento, tento apresentar uma maloca lá de Cangaíba (divisa com Guarulhos, pra quem quiser se localizar. Perto da Penha também, esse "centro da periferia") mas ninguém se interessa em ver. Pegar o trem e dar de cara com uma realidade longe da "em dez minutos eu chego, no máximo meia-hora" ver gente acabada de cansada mas mesmo assim gritando, esguelando, no truco dentro do vagão... não é pra qualquer um não. Tem que ter estômago. Vagão cheirando mofo, com goteira entrando pela ventilação e chão de madeira como remendo para os buracos no assoalho. Sem contar o aperto. Ser sardinha no trem... impossível evitar o contato com esses corpos "periferia". Categorias, categorias, categorias... pois eu nasci e cresci sabendo que sou colocado à margem. E a margem permaneço. Desenvolvo esse corpo dilatado pra atingir também o meio. Quero ser corpo Lê inteiro preenchido. Transitar livremente pelas categorias criadas para serem separatistas. Achar as brechas e atar os nós. Misturar as linhas, criar as malhas de comunicação. Perceber um todo com milhares de partes com particularidades infinitas. Perceber que cada fatia tem seu centro e sua periferia que tem seu centro e sua periferia, seu centro e sua periferia e assim por diante. Como coisas complementares e que não exsitem sem o seu conceito oposto-complementar. Esse meu corpo que se desmembra e se concentra em cada movimento de centro-periferia, periferia-centro, centro, periferia, periferia, periferia, perifer, perif, peri, perímetro, silhueta, corpo. Tenho meu corpo como referência, onde eu estiver existirá um ponto. Pra minha localização, pra minha conceituação de ponto de referência e não mais de centro-periferia, porque assim o ponto só pode estar em um dos dois aspectos... e a arte é mais do que isso, o corpo está além das dicotomias.
Sou da cidade
Sou caminho que une
Sou pescador dos nós entre as ambiguidades superficiais
Sou mergulhador das questões de minha gente
Sou pedestre da margem Tietê
Ligo a Zona Oeste e a Zona Leste pra discutir a arte em seu valor universal, dilatado
Mas cada vez que mais sou percebo que só tento ser
Tento ser caminho que une
Tento ser pescador dos nós
Tento ser

Até quando teremos que esperar as ações pontuais surtirem resultado? Destruir os micropoderes... tudo isso me consome, minha energia some e cada sono não é suficiente pra me acordar de novo pra esse mundo mudo... surdo... de quem não quer falar, de quem não quer ouvir.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Corpo Resposta

Corpo Resposta ao comentário de Corpo s.C.

Te Lêio e te aceito assim como é. Danço com o corpo c.C porque não tenho preconceito com os corpos. Sou corpo s.C porque sou, não porque quero ou porque nego. Nitzsche é anti-cristo, só sou sem. Não tenho referência, no meu corpo não há a.C nem d.C, não tenho referência. Não quero desconverter ninguém, só narro um aspecto do meu corpo Lê. E concordo quando diz que está presente em mim este Corpo c.C. Assim como todos os outros tipos de corpos que me constroem. Porque sou uma esponja e absorvo tudo que a mim chega. Te absorvo a cada instante, Jú. Absorvo cada artista, cada herói e cada anti-herói. E me construo nessas constradições. Ser corpo s.C ao mesmo tempo que me dizem ter um corpo c.C. E acredito! Sei que sou assim mesmo.

quinta-feira, novembro 03, 2005

O Corpo s.C (sem Cristo)

Tanta parafernália
Tantra
Tanta parafina
Manta
Esquenta o mantra
Lê vanta, anda
Lê lê vanta lelé
Saia comigo e pinte o corpo como eu pinto
Vamos fazer um tantra?
Se jogar no abismo
De cara pro chão sem colchão, só tara
Enquanto o mantra esquenta
De baixo da manta
Pra falar de Deus, do seu, do meu
Orgasmo?

Organize o orgasmo
Multiplique o caos e desorganize o estado
Esperado no gemido repetido
Repetido
Repetido
Meu Deus é um ser orgástico
Biônico
Biológico corpológico biotônico, par em dois
Meu Deus é não divino
É contracultura, é devassidão, subventura
Particula, microcosmo, micropoder, sistema
Meu Deus, sistema contrário
No orgasmo transcende. Do corpo sinto
Sinto
Estou um corpo transparente
E essa flecha espiral que me circunda
Não vai do inferno ao céu nem dos anjos ao Diabo
Corre de um lado ao outro desenhando esse meu espaço
Perna, braços, ombros, pés, xulés, suores, escarros
Anus, pênis, pelos, nariz, língua, catarro
Boca, dente, saliva, peito, pescoço
Dedos no anus, na vagina, nos olhos
Sangue, porra
Mijo, bosta
Corpo
Meu Deus! Te achei, não tenho dúvidas
Conversar contigo... basta ouvir meu Corpo s.C

domingo, outubro 30, 2005

O Corpo Lê

Por aí aconteço.
Vou indo em cada esquina perdida dessa São Paulo contrariada
Mas por aí aconteço
Mais do que nunca, sei que aconteço

Acontecer é um verbo que nos põe no mundo
Mais que parir, nascer, cuspir
Acontecer está na gente
é por meu mérito que aconteço
É pela mãe que sou parido
Eu posso acontecer por ter-me acontecido

Depois de ter declarado meu amor a todos que amo, deixo aqui o minha auto-declaração. Por aí aconteço com a forma de Corpo Lê e o conteúdo desse mesmo corpo. Porque a forma e conteúdo em mim seguem juntos, misturados, amalgamados no que se chama Lê. Você me Lê? Preste atenção, o meu corpo me diz inteiro. Amo só por meu abraço. Não preciso mais dizer, embora saiba da força das palavras. Por isso me abraço agora... e digo que me amo. Sigo sem alma, sou só corpo. Porque assim consigo ser corpo e alma. Não me divido em categorias. Sou Lê e quem me ler, me leia assim... me amando.

quarta-feira, outubro 26, 2005

"Apolo era o mais belo dos deuses do Olimpo, senhor da Arte, da Música e da Medicina. Ciente da própria beleza e confiante da sua destreza no arco e flecha, ainda mais depois de Ter matado a terrível serpente Píton, que da sua caverna no Monte Parnaso, assustava a todos os habitantes daquela terra abençoada, Apolo se vangloriou a Cupido dizendo que suas flechas podiam matar qualquer coisa e tentou tomar as flechas que o pequeno deus do Amor carregava, dizendo-lhe ser muito criança para carregar tais armas.

Cupido respondeu-lhe que suas flechas poderiam de fato ferir tudo e todos mas as dele, Cupido, eram mais poderosas pois poderiam feri-lo, a ele, poderoso Apolo. Claro que Apolo não acreditou e riu-se do pequeno deus. O filho de Vênus então decidiu dar-lhe uma lição: escolheu uma flecha com ponta de ouro e outra com ponta de chumbo. A primeira atraía o amor e a segunda o repelia. Segurando seu arco encantado, Cupido pegou a flecha de ponta de chumbo e mirou na bela ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu. A de ouro não teve outro alvo que não o coração de Apolo."

Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência...

segunda-feira, outubro 24, 2005

O Corpo Jabuticabeira

Meu comentário é minha fala
É
É
É
E o que não é, não importa?
Importa o que não define?
Dáfine
Dáfine
Dáfine
Três vezes Dáfine
A ninfa que habita o meu conhecimento
Me seduz e me atira nos rios do pensamento
Logo eu que sou tão corpo fico rendido a esse palavreado virtual
Minha redoma de pau
Oco

Quando morrer quero ser árvore! Já pensou, me decompor e virar uma deliciosa jabuticabeira? Assim todos poderiam me colher e dividir do meu suco, do meu conhecimento, do meu sabor doce e azedo. Arrancar as partes do meu corpo e fazer delas o seu maior prazer num domingo fim de tarde. Ser jabuticabeira, minha redoma de pau, convencido de que minha sina é doar... beijos, abraços, amaços, meu corpo gostoso e só. Depois pegam o machado e descem a lenha... convencidos de que minha sina é doar. E parece que já dei tudo que dá? Um beijo, uma amaço, um pedaço do meu corpo gostoso e eu me dôo por inteiro? Olhem e reolhem, tem mais jabuticaba madura no pé.

segunda-feira, outubro 17, 2005

domingo, outubro 16, 2005

Quero-quero e o Corpo Vontade

Quero, quero escrever curto
Querida, queira-me.
Quero-quero botou ovo
Na saída d'água d'bica
Não chegue perto que ele pica
Salta vôo e grita "Quero
Quero você longe daqui!"

Fica a sede

Fica a sede

...fica

Quero-quero que proteje e o que quero não consigo
Pássaro bravo não desconfie-me assim-me de mimemim.

Quequéquaquo Quequéquaquo
Qué Qué

ovo chocado, ovo nascido
Sono embalado, acordo sabido.
Agora das minhas vontades não tenho mais controle.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Corpo Hai Kai

Sinto que estou leve.
Me releve
Se o peso é que te cumprimenta

Cede a sede
Cedo cedo
durmo nas águas

O gato mia na estrada
Enquanto canto
Encanto-o enquanto mio

quinta-feira, outubro 06, 2005

O Corpo Em Lembrança

Do meu lado direito existem cenas reais. Do meu lado esquerdo existem memórias. Se olhar pro meu lado direito verá fatos da minha vida com a crueldade que a realidade nos apresenta. Se olhar a minha esquerda enxergará a minha criação, o fato reescrito pela minha memória, calejada, apresentado de maneira suportável a possibilitar-me um estado normal de consciência.

Prazer, meu nome é José e estou consciente.

Mente, em frente, sempre
Sempre em frente, mente
Em frente sempre a mente
Sente a mente
Mente sente
Sente! Sente...

Memória: é autonomia. Um sistema que possui memória tem a capacidade de acessar seu arquivo de experiências, o que o possibilita rever saídas, resoluções e estratégias frente as crises que o afetam. Crise: situação neurótica em que o sistema se encontra. Imagens: caos, confusão, desespero, dúvida. O momento da crise é o momento da necessidade de organização, o momento do acesso a memória.

Prazer, meu nome é José e eu estou em lembrança.

Um dia daqueles
Desses dias sem aqueles
Em que eles são só mais um de mim.

Um dia daqueles
Dessas tardes sem solzinho
Uma semana sem domingo
Sem cem das estrelas românticas que um dia...

Daqueles
De contar segredos que por tempos não me lembro
Viver bons ares, respirar inquietudes
É como um ano sem Novembro!
Como pode Dezembro nunca chegar? E o ano não acabar...

Num dia daqueles
Reveillon na praia, no sitio, no quintal de casa
Fogos de artifício que se ascendem e se apagam...
Dias de minha história que se vêm logo vão embora.

Eu não me lembro não me lembro. Será que eu não vivi o que quero me
lembrar? Vivi, claro que vivi, eu me lembro que vivi... mas eu quero as cores, o cheiro das flores, o som daquele dia! E o gosto azedo de não lembrar do que precisa ser lembrado... (Pausa)

José não lembrava

Trauma: estado de bloqueio perceptivo causado por algum fato mal resolvido em sua vida psico...psico...psico o quê?

José não lembrava, não.

José só lembrava que amava as Marias.
Ias
Ias
Ia...
Criava o fato se confortava na memória construída. Os momentos perfeitos como num dia daqueles.

Eu não me lembro...

José tenta mas não consegue e quando empaca desse jeito (pausa) ele cria.

Maria sorriu e me deu um beijo na ponta do queixo...

Prazer, meu nome é José e eu estou indo embora.



Texto criado para ser encenado pelo meu grande GRANDE amigo Nei Gomes, para ser apresentado no sarau dos Amigos da Multidão. Neiguinho, te amo!

segunda-feira, outubro 03, 2005

O Corpo "X" com "CH"

Xiu...
Xiu xiu...
Xiu xiu xiu...
Xibiu... xibiliu...

Quanta causa sem causa de ser
Panta Nau Catarineta

Xuá Chuá

Qual a diferença?

Xuá Chuá

Qual a diferença?

Xibiu chulé xaxado xoxota

Qual a diferença? A parecença nem sempre é e o que é nem sempre é
As vezes somos o que não soma terapia sadomasoquia

xoxota xoxota xoxota

Só volta ôta xoxota quando chuá xuá no rio essa Nau Catarineta
Esse Panteísmo sechual sexual sechual

xoxota lorota
conversa de boca frouxa só pode terminar mal
Viva o anormal!

Papo de louco programa de índio gosto de xuxu chuchú
Xuxú Chuchu

Qual a diferença?
A diferença é informação a informação é confusão

é chulo ou xulo?

é xícara ou chícara?

é xoxota na xícara? xôxôxôxota da xícara enchota daí!

Xiiii... .

Viva o anormal!
Não se preocupe, eu tô legal

Viva a chochota com X!
Viva a xacota com "ch"!

Não façam chacota com a xoxota dela, isso é lorota de quem troca "x" por "ch".

Qual a diferença? A diferença é que eu gosto de "x" e "ch"

da chochota e da xoxota

Isso é lorota! Haha! Rrrra! Rrrrra! Pá! Pá! ôta xôxôxôxota xóxó pataxó!

Esse xocolate não me faz bem
Não adianta vir com guaraná pra mim
É xocolate o que eu quero

É o que quero... e se quero escrever Chis com "ch", vou escrever Xis com "ch"

Se quiser beijar na outra boca vou beijar! Qual a diferença? A diferença é que se não fizer o que quero hoje pode ser que amanhã já não queira mais
Pode ser que amanhã já queira mais
Pode ser que amanhã já não viva mais

Já pensou em levar um tiro na cabeça?

terça-feira, setembro 20, 2005

Tempo Memória, O Corpo Construído

Ah tempo...achou que ia passar batido? Um, dois, três textos passam a sua frente, mas quatro já seria demais... três textos sem falar no tempo. Mas tempo é tempo...tempo é tempo...o tempo está no tempo, impossível não falar... está aí, pra te contaminar.

- Tempo, quero contar-te uma história. Vamos passear naquelas ilhas decotadas? Esquecer do tempo e viver no largo, no longo e aberto. Nada de querer ser estreito, curto e fechado. Eu quero um tempo hábil pra viver grandes paixões, serenar pelos vulcões, alastrar pelos sertões esse teu sorriso largo!
Jo
Ana e meia, meio inteira. Quero sim.

Tá vendo, Tempo? Quero sim... e não me venha com suas trapassas de senhor Tempo mal humorado me tirar deste compasso três por quatro. Quero a valsa antes do poperô. Quero tantra antes de tanta pressa. Tempo tempo... tempera minha vida como tem temperado desde sempre, mas me deixe sentir esse gostinho de felicidade e não saia atropelando meus sentimentos. Fica comigo nessas ilhas decotadas viajando cada estação, decifrando cada estrela. Não me apresse, não me pisoteie a cabeça.


Daquele um

Um dia daqueles
Desses dias sem aqueles
Em que eles são só mais um de mim.

Um dia daqueles
Dessas tardes sem solzinho
Uma semana sem domingo
Sem cem das estrelas românticas que um dia...

Daqueles
De contar segredos que por tempos não me lembro
Viver bons ares, respirar inquietudes
É como um ano sem Novembro!
Como pode Dezembro nunca chegar? E o ano não acabar...

Num dia daqueles
Reveillon na praia, no sitio, no quintal de casa
Fogos de artifício que se ascendem e se apagam...
Dias de minha história que, se vêm, logo vão embora.


Um demorado beijo àqueles que tem feito de minha vida algo que transita além do tempo do relógio. Que me fazem perder a noção dos segundos e me largam somente ao tempo biológico. Tempo de papo de bar, de aconchego num abraço, de um beijo desejado. Um grande cheiro aos construtores de minha memória.

terça-feira, setembro 13, 2005

O Corpo Descabeçado

Arranque minha cabeça e perco quatro dos meus sentidos
Sobra um
Se quiser se comunicar comigo
Tateie-me

quinta-feira, julho 14, 2005

O Corpo Chave

Ah! Quanto tempo... e nesse tempo quanta coisa aconteceu. Deixei de escrever por falta de tempo. E o tempo continua sendo aquilo que me tempera nestes tempos sem tempo, até mesmo pro tempo. Outro dia minha irmã (grávida de Sofia) disse de mim ser o coelho da Alice. Mas me sinto mais como Alice, prestes a acordar e perceber que este tempo é outro, que esse coelho é lobo e que O Tempo, tempo mesmo, não tenho noção do que é. Ah, tanta coisa acontecendo... tantos "tantos" que chega a ser tanta a vida. Antes fosse ela tantra, com um tempo largo, mole e lerdo. Mas são contados os minutos, contados os ventos, contadas as voltas, contados os números deste tempo atravessando meus ossos...e pensamentos. Até canto tem tempo. As notas só são música no tempo. Organiza e desorganiza, mas nunca é orgânico. Está fora de mim, passa por mim e vai. Como um cachorro magro. Como um vulto ladrão, que zum! Leva coisas e deixa a velhice... deixa a espera por um tempo... e zum! Pra frente, tic-tac, nem volta e nem olha pra trás, nunca se satisfaz com aquilo que foi feito... e zum! Traz a morte e sai rebento...sem mais nem menos. Morre o sonho, morre a gente, morre o sonho da gente amiga... o sonho da multidão aflita por querer ser amiga?! O projeto do tempo é o de ir embora. O meu é de ficar pentelhando e trabalhar trabalhar trabalhar... e sonhar sonhar sonhar. Querer a utopia pra alcançar o sonho, querer o mundo pra conseguir os oceanos, querer aquele salto pra conseguir um passo a frente... me prometo o Universo pra conseguir abraçar a Lua! É ela que eu quero! A Lua, a rua, a sua, toda nua... mesmo que um dia o tempo me estapeie a cara e diga "fica na sua que um dia eu chego e te mostro a verdade nua e crua". Sorrio, agradeço e morro... como estou morrendo todos os dias.

O corpo chave pra fechadura tempo, parte do princípio do corpo aberto pra porta vida.

Sem mais...

terça-feira, março 01, 2005

O Corpo Gira

Nietzsche e Gira: um giravento pelas vidas
retrocessas (para pensar nos momentos de escolha e
angústia)

341.

O maior dos pesos.- E se um dia, ou uma noite,
um demônio lhe aparecesse
furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse:
" Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você
terá de
viver mais uma vez e incontáveis vezes; e nada haverá
de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada
suspiro e pensamento, e tudo o que
é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de
lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem
- e assim também
essa aranha e esse luar entre as árvores, e também
esse
instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir
será sempre virada novamente - e você com ela,
partícula de poeira!". - Você não se prostraria e
rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim
falou?
Ou você já experimentou um instante imenso, no qual
lhe
responderia: "Você é um deus e jamais ouvi coisa tão
divina!". Se esse pensamento tomasse conta de você,
tal como você é, ele o transformaria e o esmagaria
talvez; a questão em tudo e em cada coisa, "Você quer
isso mais uma vez e por incontáveis vezes?", pesaria
sobre os seus atos como o maior dos pesos! Ou o quanto
você teria de estar bem consigo mesmo e com a vida,
para não desejar nada além dessa última, eterna
confirmação e chancela?

( NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo:
Companhia das Letras,
2001.)

Se Nietzsche abriu alas para os nossos estudos
filosóficos, ele também fecha nossos preceitos e
esperanças... mas apenas por hora... pra Nietzsche, um
ciclo é infinito, um circulo volta em si num movimento
eterno, nascimento e morte, com uma vida no meio feita
de escolhas...um eterno retorno, eterno...gira o
círculo, um círculo gira só e só gira o círculo, nada
mais...

terça-feira, fevereiro 15, 2005

O Corpo Falso do Homem Sem Limites

Por essas e outras que digo que gato miou, cachorro latiu e o homem faliu a rica esperança de Deus em seu projeto de mundo perfeito.
Sobre isso digo pouco, porque o que falo é o pouco que foge entalado do saturado ego frouxo de gente nova no pedaço.
Pouco se fala, nada pouco se pensa, muito se transforma e comprime o que cria o artista. E deprime o que cria a criatura pois é sublime aquilo que desfragmenta. Aquilo que aparenta é falsa menta e o sabor é falsa fruta. O mundo perfeito é falso mundo, o corpo falso do homem sem limites. O corpo platônico, o corpo de Jesus de Nazaré, puro e hipócrita por quem o descreve. A gente tenta ser gente e esquece que bixo também somos. Esquece de latir mas lembra em avançar sobre a ordem sem lugar num espaço a sumir.

Os colibris cantam enquanto o canto fica rouco da euforia enérgica dos homens.