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terça-feira, dezembro 20, 2005

Corpos que me vêem

Par em par mar em mar lar em lar dar por dar par em lar mar em par lar em dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar dar
ã? dar andar andar andar andar andar de lar em lar de par em par de mar em mar nunca dantes navegados

Sou angústia
Nunca sou suuuu(entoar sílaba para o agudo)ssegado
Sou fado

Não me enxerguem assim por estas vias do clichê.

sábado, dezembro 17, 2005

Corpo que me queiras

1962 - Monica Vitti e Alain Delon

Vivia a te buscar no além mar
Ora pois Camões não me trouxe
Ora cá me pões a traçar
Caminhos de jabuticabeiras
E jabuticabas engruvinhadas no caule do meu corpo
Sou suco
E sou morto
Sou parte
E sou todo
Sou memória, só memória
Por isso não me lembro das coisas
Sou a própria

Vivia a te buscar nas terras do Araçá
Real
Romã vermelho é certeiro amor
Sete sementes no reveillon
E sete suspiros debaixo dos lenções
Sou Hanói-Hanói
Por isso não me atenho mais nas coisas
Sou a própria

Vivia a te buscar nas terras dos sem fim
Nunca nas do Nunca
Te queria madura
Engruvinhada de jabuticabas no corpo
Que se fizesse suco e derramasse aos caminhos
Não sou tão menino
Vontade vã querer estar hoje Peter Pan
Você Sininho
Monica Vitti e Alain Delon
É mais a minha ansiedade
Sou imagem, só imagem
Por isso não me fixo no que vejo
Sou a própria.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Corpo da Ponta do Dedão



Segue o círculo em sua aventura redonda, pelo mundo redondo, que nos circunda. Segue o eixo que nos ergue; giramos em sua cabeça ou é a sua cabeça que nos gira? Segue o círculo em sua alegoria de eterno retorno, de começo no fim e fim como recomeço. Segue o caminho que o meu olhar traça, transa do olhar sobre o seu jeito de me aceitar. Sigo enganando que sou de dança, que sou de circo, que sou músico, que sou performer, sigo enganando que sou multi. E por seguir enganando sou um bom ator. O que vale é ser bom artista. Também engano que sou poeta e que sou bom de cama. Engano que sou humano e que sou normal. Tenho minha digital no dedão, na íris e na arte. Ninguém faz da minha e não faço da de ninguém. Só me inspiro, tenho referências. Mas imprimo a minha identidade, o que me deixa estar bonito. Assim o círculo se amplia e se fecha em si mesmo.

Texto escrito na folha sacanneada acima a algumas angústias atrás...

Corpo Margarida

Margaridas
Que flor será que você é? Adoro flores. Quer ganhar um sorriso besta, fácil fácil? Me dê uma flor. Não importa qual, gosto de todas. Pequenas, grandes, coloridas, classudas ou descontraídas, solitárias ou Marias-sem-vergonha. Todas, dêem-me qualquer uma que devolvo um abraço apertado e um sorriso gostoso. Que flor será que você é? Já ouvi dizer que sou um Gira-sol. Gostei... é grande, imponente, amarelo ouro, e gira (quer mais qualidade que girar com inteligência?) e sempre se renova, morre e renasce, como os grandes artistas. Sua semente dá bom oleo e suas pétalas são de veludo. Não tem cheiro, a não ser de quando úmido... mas é cheiro comum, sem grandes aromas de rosa, dama-da-noite e outras rainhas do bom odor. Porém também não encomoda. Fica mucho fácil, é verdade. Precisa de água com frequência e nunca, nunca, aceita bem uma sombra fresca. Se magoa com facilidade, precisa sempre de energia. Não faz questão de boa terra, se vira sempre com o que dá pra recolher de nutriente, tem o tronco forte e boa base de raiz, parece sempre sorrir e quando mucha é impossível ficar olhando e não fazer nada... é, parece que gira-sol combina mesmo comigo... que flor será que você é? As orquídeas são de fácil identificação. As damas-da-noite e as marias-sem-vergonha em companhia das marias-vão-com-as-outras tmabém. Tem os Lírios que são misteriosos e as violetas que são inocentes (salvo as escuras que tem um ar de segredo). As Brincos-de-princesa são preciosidades frágeis. E as flores de Ipê são símbolo nacional. Que flor será que você é? As rosas só existem no passado romântico, hoje são apenas símbolos de uma época que já passou. As tulipas me lembram sempre uma vagina, é uma flor sexual pra mim que, junto com as flores de lótus, talvez sejam as únicas espécies que pra mim o link com o corpo seja direto. A flor-de-lis é mágica. Na maioria das vezes solitária, mas com repercussão simbólica em diferentes culturas... deve nos dizer algo, não? Que flor será que você é? Flor do campo? Hibisco? Rododendros? Olho pessoas e vejo flores o tempo todo... mas o mais curioso é como brotam margaridas na minha terra. De miolo amarelo, pétalas brancas, delicadas, de ingenuidade tênue, mas com uma força de rainha do campo, domina os pastos e conquista a quem passa por perto. Margaridas, as minhas preferidas(andando lado-a-lado com as tulipas e os brincos-de-princesa). É na aparente simplicidade que elas me facinam, mas é na dualidade que elas me viciam:

Berro no alto do prédio, no meio fio, no penhasco e me jogo a céu aberto. Me jogo em mar aberto. Me jogo. Me atiro de cabeça até morrer de traumatismo. Me afogo nos ares, nos bares, mesmo que não beba, não sinta, não se entristessa pros outros. Só pra mim mesmo... sopra o vento das flores. O perfume das margaridas, tão belas e fedidas, me atraem e me repelem. Essas pessoas-margaridas que sempre brotaram em minha terra. Grito por passagem, corro pelos campos com amargas-feridas, há margaridas plantadas por todos os lados. Berro por liberdade e que se danem as pétalas caídas...

Há margaridas. Amarga ri das minhas pétalas caídas. Já era, caí com sede ao pote. Agora fico estirado no meio do nada encoberto pelas rainhas do campo.
O que tenho a fazer senão deixar-me ser gira-sol solitário girando pro sol e rezando pras nuvens não sombrearem meu corpo?

Que flor será que é você?

quarta-feira, dezembro 14, 2005

O Corpo que Acorda; O Corpo que Sonhava - Contraponto da minha vida e Acordei que Sonhava do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos


Um dia acordei que sonhava. E sonhando segui acordando de um sono bom. Se durmo ou se sonho com sono de recém partido é porque sumo pro meu bem... pro nosso bem... por sumir assim não deixando que se realizem as vontades que pra você é um pesadelo ruim. Andar no meio fio, ver de cara a posição da escolha... sendo assim, escolho seguir sonhando que acordo, mesmo que durma sobre as saudades das poucas vezes dormidas ao teu lado nos quatro anos de sonho acordado. Te amo e não sei se devo te amar. Acordo e preferia continuar dormindo num sono profundo e sem hora de ser. Um dia acordei que sonhava, tá na hora de acordar de verdade... um dia...

Corpo Hai Kai - 2

O que me deixa
Deixa-me
Aos olhos de gueixa.

Pelas flores sigo cor-de-rosa.
Aos amores
Pinto cores negras.

Degenera; o ser habita
O vale valioso.
Chumbo e ouro num mesmo balaio de gato

Miau!

Meus olhos de lince.
Chegam em vigia
Meus traços tristes. Pelas noites vagueio.

Corpo Hai Kai
Cai cai
Sobre os campos poéticos.

Cai cai balão cai não
Na minha mão
Ainda guardo os meus segredos.

Quais segredos?
Adeus a Deus
Adeus Papaia e Seu Cassis.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Corpo... o corpo que se foda.

É só aqui que me acalmo. Tem razão Jú, as pessoas criam essa imagem em mim de que sou muito tranquilo mas na realidade eu grito a todo momento, elas que não me escutam... e berrando por tranquilidade volto antes do começo do ano que vem. Mesmo exausto escrevo, já que é assim que me sinto bem... como não estou bem:

Sobre um "estar legal" da vida, amigos, nada, afinal, que estar por perto, desperto e incondicional. Um ser aberto para idéias e ideais de um só, e só um, ideal: De sem sempre ninguém, mais que alguém desperto e incondicional. Um ser aberto para idéias e ideais de um só, e só um, ideal: de estar bem, se estiver bem perto de mim.

Sei lá, vou sarapantar. Vou sarapantar, vou me embora. Partindo da palavra adeus, adeus a Deus. Andando aos passos... aos passos lentos. Pareço volto para um lugar que eu nunca saí de lá. Viajando em pensamentos, ora sou macaco, sou peixe, pinguim, dinossauro, ora sou cavalheiro, ora sou prisioneiro. Saídas existem várias e muitas dessas entradas começam aonde termina a outra saída. Vai e volta, vem e vai. Sai e entra e entra no que sai. Ir também é voltar mesmo que não se olhe pra trás para aprender o caminho. Mesmo que não se lembre mais, mesmo que saia pra nunca mais, mesmo que cante a despedida e bote fé nessa saída vai e volta vem e vai. Sai e entra e entra no que sai. Ir também é voltar mesmo que não se olhe pra trás para aprender o caminho. Adeus a Deus.

Dois textos... duas músicas. Não sei se tô mais tranquilo. Não, não tô mais tranquilo. Adeus a Deus.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Corpo Fim de Ano


Enquanto o tempo atravessa os meus ossos eu recebo facadas. Feridas que se abrem e não se fecham, sangram em direção à história dos amores perdidos, pela ignorância dos que não sabem amar. Fiquei muito tempo sem escrever neste espaço. Abandonei essa virtualidade porque o abandono é o que me é mais recorrente. E não consegui mais escrever, não consegui mais comentar (desculpa Jú), larguei mão das coisas pra tentar não largar mão do que precisava resolver de urgente. Mas cá estou de volta. Reocupo aquilo que pra mim é valioso, que não se perde assim como se perde quatro anos de namoro... por causa da ignorância dos que não sabem amar. Reocupo o meu espaço com a minha expressão. Com as palavras destreinadas de um certo tempo de feridas abertas sem oportunidade para aparecerem em palavras, em Corpo Aberto. Tantos corpos me passaram pela cabeça, tantos conceitos, tantas análises e tão pouca discussão. Ficaram presos estes corpos num Corpo Magoado. O Corpo Abandono, o Corpo Multiplicado, O Corpo Multi, o Corpo Aberto, O Corpo Expandido, O Corpo Intuição, o Corpo Distraído, estão todos em algum canto de caderno rascunhados, mas acho que aparecerão aos poucos por aqui. Mas também tem o Corpo Tempo que sempre quer retornar no seu eterno Eterno Retorno, o Corpo Eterno Retorno, o Corpo Âmago, o Corpo Fada e o Corpo Circo. O Corpo Incerto, o Corpo Revolta, o Corpo Militante e o Corpo Social. Quantos corpos nesse meu caderno de corpos desenhados para serem um dia discutidos nesse nível publico de comunicação. Mas o ano acaba e eu estou exausto. Cansado de segurar rojão com os dentes e ter que levar tudo numa boa. De aceitar situações e não ter de volta o mesmo nível de compreensão. De saber que a omissão foi usada tantas vezes como estratégia de batalha. E que porra de batalha impossível de compreender. Por isso não escrevo mais por esse ano, porque estou exausto. Preciso processar tudo isso de outra forma. Fazer repouso, cicatrizar as feridas pra conseguir abrir caminhos de compreensão. Meditar, dançar, tocar muito violão e não fazer nada que me faça pensar nas minhas angústias. Porque estou exausto. e prefiro ficar assim, sem falar nesses corpos, ficar no meu Corpo Fim de Ano e deixar tudo pro ano que vem.