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domingo, julho 23, 2006

Assim, tento assim, deixar adormecido... impossível. Mesmo porque sei que traz no peito uma saudadezinha que vem de longe, de janeiro, de rios, de praia e funk. Não sei se te completo. Mas sei o que me esforço e me peço pra ser mais diferente. Acontecer a maneira que me pede, num esforço físico capaz de mover montanhas mas que não é suficiente pra segurar o que me faz insuficientemente não seu. Mais, preciso de mais e não tenho mais. Sei que traz no peito uma saudadezinha que vem de longe, principalmente nesses momentos. Aí me rasgo inteiro e não entendo e do não entender fico quieto. Abandono as vozes de cumplicidade. Me arrependo da intimidade. Sumo presente por querer sumir de vergonha de vez. Mesmo porque sei que sempres vezes o janeiro bate volta nesse rio corrente, forte, cheio de carne, corpo, tempo, tempo, tempo, duradouro tempo, aproveitado tempo, tempo de liberdade ao som de muito funk e caraokê. E só a rede... nem só a rede. Queria te fazer tremer. Não abro mão de ti, mas me pego no apuros sempre, sempre nesse tempo curto de mal me perceber, te perceber, nos envolver. Não abro mão de ti, mas sempre me pego no apuros de não saber mais o pé das coisas e desesperar-se ao ver que frustra. Mesmo porque sei que traz no peito uma saudadezinha danada... queria te fazer tremer. Também queria ser mais violento. Me pego sempre no apuros de não saber fechar o punho quando é hora, de fechar o cú na hora certa, acirrar o ponta-pé e de fazer voltar a porra que sempre faz doer. Violento pra dar o murro na minha própria cara e ficar de olho roxo, cego, sem dente, de nariz quebrado. Me esmurrar por dentro, viver na cerne, acostumar na dor do sentimento... acostumar na dor pra dar prazer.

sábado, julho 22, 2006

Viver de pão e circo

Ai que dor nas costas dessa vida de levar o circo fora da carroça, erguido no braço, equilibrado na cabeça. E aí só sobram as pernas pra correr no chão a pressa de chegar n'otra praça e voar pro próxim número, se desdobrar em três, fazer outra vez e outra vez e outra vez. Colocar o pé nas avessas, dobrar ao dobro as dobras. E lá vamos nós outra vez, levar o circo fora da carroça, erguido no braço, equilibrado na cabeça. Ai que dor nas costas. Aí só sobram as pernas pra contar um, dois, três e fazer tudo outra vez. Fazer a troça, abrir a trouxa e apresentar o drama. O malabarismo, o trapézio, o vôo, o equilíbrio, o sorriso do palhaço, o avesso, o avesso contorcido, o avesso e o monociclo, fica na dor nas costas dessa vida de levar o circo fora da carroça, erguido no braço, equilibrado na cabeça. Fica nessa mania de montar e desmontar a lona, de mudar de rumo toda vez que algum parece estar perdido. Fica pra outra praça porque nessa o publico ficou na validade vencido. E o circo teatro chegou com a Paixão de Cristo! E fico nesse sacrifício de ver assim, viver de dor nas costas, sem carroça, sem braço, sem perna, mas também sem dia perdido. Ah, ganhei meu dia desfazendo a troça, abrindo a trouxa pro rufar de tambores: o galã entrou pro drama! E a platéia chora, e o circo volta pro meu sonho adormecido. Levanto da cama fazendo meia-hora, vou pra rotina seis-horas-meia-noite com dor nas costas, dessa vida de levar tudo fora da carroça, erguida nos braços e arrastada na consciência. O que eu queria mesmo era viver de pão e circo, no melhor dos seus sentidos.

sexta-feira, julho 07, 2006

O Nome Que Quiser

Com, compre dom, mesmo, o que ais de ser as vidas de eu mesmo... mesmos... sempre sem. Caiu a mofeza das aquelas partes pares doentes das mesmas, som que ais de ser as cidras de eu mesmo... menos... sente e vem. Pus a menos, fundo de hora, me doa, trevo, bem. Berne de bezerro em pasto queimado. Só tem carcará e grito n'alto morro seco e cinza de fogo abafado, vermelho quente apaziguado pelo aboio dos ventos contrários, é acalanto.. tuuuu boi de um lado tuuu boi de outro. O fogo se queima e se mata. Rente rente passa perto frente sempre rente vente vente vente vente ventre cobra ventre cubra rente perto frente reto certo deserto morro... boi carcará e morro, morro de morte e de terra, de gases e de Deuses semi-homens. Morro de pedras. Passava ali rapaz de boa perna, corredeiro, andador de passos largos e olhar adiante. Seguindo as vozes de desfiladeiro de boi fugido, morrido da fuga, caído em penhasco. Homem perdido, bicho varrido, disfarçado em roupante de gente: já é outra coisa que não mais de banho, de unhas cortadas e de bom falar e sorriso cheio de dentes. É de um olhar que nem se entende, o olho daquela gente fala outra lingua que não mais essa comum de sentimentos cantados nas modas, nas festas, nos pagodes. Nem música tem mais não, tem só solidão de nota só nota de agarrar pra sobrevivência. Lá no pico, bem lá no pico. N'alto da serra misturava em cinza. Podia ser aquela relva queimada sem longe desfigurança, reconheceria, sim senhor, que aquilo era semelhança: o pó e a pessoa eram quase a mesma coisa, se não fosse por ter aquele um coração batente e uma cabeça de nosso modo demente, mas em modo de ser aquela espécie de ser coerente ao que necessitava pra se reconhecer. Fuçava nos bolsões de casulo, tôco e qualquer buraco escondido, atraz de bicho morto ou ainda semi-vivo. Boi não via mesmo não, só em saudade, com imagem na cabeça. Era rapaz de boa perna, corredeiro, andador de passos largos e olhar adiante. Era rapaz? Era rapaz. Por um repuxo de tiro de senhor pra acertar bucho de urubu roubador de área afetada, pra espantar aproveitador de terreno sem dono porque passou a dona queimada, faz fugir o cinza homem de medos d'antes de morrer, agora de viver assim a ferro, fogo e bala. Corre adiante, pula morro, rebola tôco desvia de armadilhas da sua própria mãe natureza que em seus causos vive pregando peças na gente. Modesto de calma pensa e repensa a sua valia. Valia a pena, valia. Seguiu pro próximo morro, pra próxima ponte, pra próxima angústia em canto de apartamento vazio. Cortou pé de cana, pediu sua esmola e ligou pro seu pscanalista. Desses homens iguais de sopro, pr'esses homens iguais de sopro, canto meu aboio, prece, sacro. Hum... que as vezes dessa santicidade os pilares caem, as cinzas choram e o mundo acaba em dó maior. Tudo é festa, tudo é o que resta e o que resta também não é tudo o que falta, por isso vamos acabar em seresta e descobrir a viola de acompanhamento - são dez cordas e não dez mandamentos.

Fico assim dê a isso o nome que quiser...