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terça-feira, maio 29, 2012

Coração é do corpo

Coração
Coração
Coração não é símbolo de amor
O coração não é símbolo
Coração é órgão, é pulso
É carne.

Coração rompido
Coração rompido não é símbolo de desamor
O coração não é símbolo
É infarto, disritmia,
Tecido adiposo, traído pelas gorduras do prazer, moral e anemia.

Arranco meu coração rock and roll
Entrego pro mundo dançar
E pisoteiam
Pisoteiam

Arranco meu coração Roberto Carlos
Entrego para o mundo amar
E chicoteiam
Chicoteiam

Lúpus silencioso
Parada cardíaca em câmera lenta
Gosto de sangue na boca
Gosma grossa correndo na veia.

Sangue de barata, raiva que não passa
E todo o resto
Todo o resto
É lama sutra, cama surda, decoro e modos.

Coração
Coração
Coração não é símbolo de amor
Coração não é símbolo
É corpo vil
Vital mecânica, funcional, objetivo mecanismo.

Coração
Coração partido não é símbolo de desamor
Coração partido não é símbolo
Partido é aquilo que foi embora.
Embora o que parta seja sinônimo de rompido.

Arranco meu coração bossa nova
Playboy carioca
E canto as belezas de Ipanema
Mas só da gangrena
Só da gangrena

Arranco meu coração em versos repentes
Solo meu sol nordestino
E o tiro é repentino
É repentino

Coração
Coração
Coração não é símbolo de amor
Coração não é símbolo.
É fio. O mundo hoje está por um triz
E no coração de todos as marcas da cicatriz.

segunda-feira, maio 14, 2012

Corpo para cima

Quais são as opções? Qualquer que seja a encruzilhada, sempre haverá os caminhos possíveis. Bem como a possibilidade de permanecer parado. Mas se busco o movimento, me parece o permanecer uma não opção. A não ser que tomasse meu olhar e verdade num sobressalto e investigasse se a partir de minha imobilidade pudesse, então, levitar e subverter a idéia de que todas as minhas escolhas de prosseguimento e procedimento estão pré-traçadas. Talvez assim fosse instaurado um jogo de pega-pega do qual não só a horizontalidade fosse meu chão da fuga, do drible e também da caça, mas também verticalidades e obliquoidades das quais não temos ainda alcance. Portanto, fico questionado em como acessar uma possibilidade da qual me parece de impossível realização. Meu corpo levitar? Isso sem considerar inconcebíveis atos como o teletransportar-se ou a transmutação. São outras relações de tempo e espaço a serem visitadas, aliás são outros ser e estar no mundo. Como? O campo da idéia hoje parece não bastar frente à velocidade com que o caminho da concepção ideal e sua materializacao é percorrido e cumprido. Portanto me parece sempre sofrível, hoje, quando um desejo, facilmente deixado apenas como um desejo em outrora, não for concretizado enquanto matéria palpável, em um hardware útil ao nosso cotidiano. O problema é que talvez não mais nos sobre desejos úteis, uma vez que inovações pensadas no passado, como carros voadores e autômatos realisticamente perfeitos, soam bregas e ultrapassados sem nem mesmo serem postos a venda. Esgotaram-se as verossimilhanças tecnologicas, qualquer criação ao nível do automóvel de Ford ou do computador da Apple deverão ser literalmente de outro mundo, pois o que vemos hoje são apenas desdobramentos de desdobramentos de desdobramentos. Tanto que a conectividade entre aparelhos de diferentes utilidades é o que tem salvado este tipo de indústria. Agregar valor sobre o já criado. Complemento e releitura. Criação sim, mas em que nível? Ou melhor, de qual natureza criativa? Há de fato espaço para descoberta?A questão é que o mercado não mais da conta de nossos desejos e, talvez por isso, tenta plantá-los em nós. Levitar não é um desejo de mercado, nem mesmo tem utilidade prática, nem mesmo aos ilusionistas - dá trabalho levitar! Assim como desaparecer e reaparecer exige um esforço pirotécnico, uma produção caríssima! Pois são estes os desejos que perpassam meu corpo. E agora tudo se mistura na paranormalidade de qualquer subjeto. Se passo a diluir a materialidade de meu corpo, idéia e ação não mais se apresentam como dicotomias em nossa concepção cartesiana de mundo. Se o nada levantar matéria e se a matéria se tornar um nada, tudo e nada poderão ser, então, verdades coexistentes, paradoxais verdades dúbias. E então a própria noção de verdade terá de ser reinventada, pois quando o impossível passa a ser 'possíveis' outras descobertas serão necessárias. E ao descobrir como descobrir, uma outra relação entre experiência de mundo concebida e possivelmente concebivel torna-se una no sentido de que tudo é possibilidade.

quarta-feira, maio 09, 2012

Corpo Frase

Toco tudo ao mesmo tempo
Tempo toca mesmo tudo ao
Mesmo tempo ao tudo toca
Tudo toco mesmo ao tempo
Mesmo tudo toca ao tempo
Todo tempo toca ao mesmo
Toque de todo tempo do mundo.
Molha a língua
Mingua a lua,
Sua, morena, sal!
Suor sereno
Veneno
Remo na úmida vaidade de seu ser
Certo é que todo me molho ao te ver.