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domingo, novembro 27, 2005

Corpo Sem Querer II

Deixo mais um texto, como diria Chiquinho Francisco Medeiros, só pra provocar...


"Na realidade a magia é uma ciência divina.
Na verdadeira acepção da palavra, ela é o conhecimento de todos os conhecimentos, pois nos ensina como conhecer e utilizar as leis universais. Não há diferença entre magia e misticismo, ou qualquer outro conceito com esse nome, quando se trata da verdadeira iniciação. Sem se considerar o nome que essa ou aquela visão de mundo lhe dá, ela deve ser realizada seguindo as mesmas bases, as mesmas leis universais. Levando em conta as leis universais da polaridade entre o bem e o mal, ativo e passivo, luz e sombra, toda ciência pode ser aplicada para objetivos maléficos ou benéficos. Como por exemplo uma faca que normalmente só deve ser utilizada para cortar o pão, nas mãos de um assassino pode se transformar numa arma perigosa. As determinantes são sempre as particularidades do caráter de cada indivíduo. Essa afirmação vale também para todos os âmbitos do conhecimento secreto."

FRANZ BARDON

Sou secreto? Sou aberto? Sou o que sou, e o que não sou, não conta? Meu caráter característico é ser místico? Intuo, logo existo? Entôo a minha confusão...

Corpo e alma... eu digo calma alma minha calminha. Alma e corpo, não entendo a dicotomia... calminha, você tem muito que aprender.

Corpo Sem Querer

Hoje deixo que digam por mim... estou assim sem querer.


Alma Nova
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro e Fernando Abreu

Sempre que te vejo assim
linda nua e um pouco nervosa
minha velha alma
cria alma nova
quer voar pela boca
quer sair por aí

Refrão
e eu digo
calma alma minha
calminha
ainda não é hora de partir

então ficamos
minha alma e eu
olhando o corpo teu
sem entender
como é que a alma entra nessa história
afinal o amor é tão carnal
eu bem que tento
tento entender
mas a minha alma não quer nem saber
só quer entrar em você
como tantas vezes já me viu fazer

Refrão
e eu digo
calma alma minha
calminha
você tem muito o que aprender

quarta-feira, novembro 23, 2005

O Corpo que Quer Ser

Experiências são tiros no escuro... tiros são tiros, sempre tiros. E o que não é, não importa? Experiência não é certeza de certeza. É na incerteza que ela se faz sedutora. É no acaso que pinta o seu corpo experiência. Tiros são tiros e sempre estiveram prsentes na minha vida. Os que me conhecem sabem bem das minhas experiências balísticas. Essa minha tranquilidade me deixa sempre na distração e na distração permaneço inconsciente nas minhas ações. Pensando coisa... no Pico do Jaraguá, no guaraná, no desejo da perversão. Minhas vaidades guardadas. Tenho mil experiências esperando vasão para acontecer. Queria ter a medida pra saber quando a vasão tem que ser dada por mim mesmo. As vezes sinto que desenho corpos em mim que não são meus, que parecem não fazer parte de mim. Ao mesmo tempo pareço que exagero tanto outros desenhos de corpos que acabam fugindo de minha percepção. Qual a medida da experiência? O que Artaud me diria? Quanto ainda falta pro chumbo virar ouro? Será melhor continuar sendo um chumbo vaidoso? Arrumar o penteado e sair a rua desfilando o cinza escuro... Meu corpo ainda não é, mas quer ser experiência. Talvez essa seja a medida, do corpo que é e do que ainda quer ser. Ter a humildade de perceber os processos em construção. Não tenho pinto suficiente pra experimentar as experiências que me proponho. Portanto sigo no imaginário, amadurecendo as idéias de escancarar essas minhas vaidades guardadas e extravasar na amoralidade de minhas pulsões nietzschanas. Talvez por não querer enlouquecer na incompreensão do outro, na inaceitação deste ser que cheira primitividade, que parece não caber no social e no religioso pelo seus parâmetros morais. Sigo tentando ser artista...

quarta-feira, novembro 09, 2005

Meu Corpo Oposto

Pode, pode cantar em meu corpo. Pode cantar em minhas víceras vermelhas de raiva. Pode dançar na minha pele esfolada pelo tempo. Pode atuar em meus ouvidos, falando mentiras, me enganando com a rádio novela e suas promessas e desculpas, mil desculpas. Não se preocupa com o que corróe e não aparece? Esse meu corpo Lê dos mil sorrisos, dos carinhos e abraços pra todas as horas, também cansa. Me ver assim forte, andando sem camisa, desfilando o físico, escondendo o corpo cansado, exausto, mole por dentro. Sou um detento dessa vontade de estar bem o tempo inteiro, de seguir viagem com o step furado e acelerar pro penhasco. Esse jogo cansa. Meu corpo não nasceu pra levar porrada de quem eu amo. Murro no estômago, chute na canela e cotovelada no fígado, vermelho de raiva. Eu não mereço isso. Mereço? É o preço dessa sina de se doar sempre? Será que acabaram as jabuticabas e chacoalham o meu tronco pra sempre cair mais e mais? O tronco da jabuticabeira é frágil, frágil. Se apaixona fácil fácil, seduz até sem querer e aí tem mil trepadeiras usurpando da sua seiva. Mas tristeza me dá, me enfraquece de verdade, quando essa trepadeira é quem você depositou todas as suas energias por simplismente amá-la. O Corpo Lê é nessa madrugada um corpo frouxo, melancólico, triste, magoado. E nessa alteração de estado descubro mais um aspecto em Corpo Lê, meu Corpo Oposto, meu estado vazio, tão contrário as cores que costumo irradiar, descobri que também sou incolor. Agora tenho em mim a noção de Meu Corpo Oposto, porque aquilo que não define, que não é, também conta... não conta?

sábado, novembro 05, 2005

O Corpo Ponto de Referência

E essa noção centro-periferia? Quero criar a noçcão de ponto de referência do próprio corpo. Eu estou aqui...

Se algum aspecto esse meu corpo Lê quer romper logo de cara é essa relação que, julgo mesmo, foi criada por um asno e seguida por outros tantos. Pra que falar tão em dicotomia? Centro e Periferia... porque não se divide em milhares de partes ou considera-se tudo uma unidade? Pra que essa briga favela e Pacaembú. Se nessa estrada Perdizes da vida eu tô nos dois. Todo santo dia! Trem Calmon Viana estação de Comendador Ermelino; Brás - metrô Barra Funda. Subo a ladeira e chego na PUC. Ver gente bonita, saudável, inteligente. E mal sabem elas que cruzei com gente lendo Nietzsche no vagão... concentrado. Ou então quando pego meu fusca 73 e vou pela Avenida Assis Ribeiro, divisa com Guarulhos. Heita fim de mundo! Sou um privilegiado. Sou um dos poucos que sabe que viver no centro ou na periferia é só uma questão de olhar geográfico. E a diferença pára aí. Ou pararia se não fossem os asnos seguidores da teoria do que é longe não é interessante. Sem contar na violência! Nossa, quanto tiro! Quanto mano! Quanta maloca! Saudosa maloca, maloca querida... e a cultura? Parece que só existe até a Mooca... mas eu tento, tento apresentar uma maloca lá de Cangaíba (divisa com Guarulhos, pra quem quiser se localizar. Perto da Penha também, esse "centro da periferia") mas ninguém se interessa em ver. Pegar o trem e dar de cara com uma realidade longe da "em dez minutos eu chego, no máximo meia-hora" ver gente acabada de cansada mas mesmo assim gritando, esguelando, no truco dentro do vagão... não é pra qualquer um não. Tem que ter estômago. Vagão cheirando mofo, com goteira entrando pela ventilação e chão de madeira como remendo para os buracos no assoalho. Sem contar o aperto. Ser sardinha no trem... impossível evitar o contato com esses corpos "periferia". Categorias, categorias, categorias... pois eu nasci e cresci sabendo que sou colocado à margem. E a margem permaneço. Desenvolvo esse corpo dilatado pra atingir também o meio. Quero ser corpo Lê inteiro preenchido. Transitar livremente pelas categorias criadas para serem separatistas. Achar as brechas e atar os nós. Misturar as linhas, criar as malhas de comunicação. Perceber um todo com milhares de partes com particularidades infinitas. Perceber que cada fatia tem seu centro e sua periferia que tem seu centro e sua periferia, seu centro e sua periferia e assim por diante. Como coisas complementares e que não exsitem sem o seu conceito oposto-complementar. Esse meu corpo que se desmembra e se concentra em cada movimento de centro-periferia, periferia-centro, centro, periferia, periferia, periferia, perifer, perif, peri, perímetro, silhueta, corpo. Tenho meu corpo como referência, onde eu estiver existirá um ponto. Pra minha localização, pra minha conceituação de ponto de referência e não mais de centro-periferia, porque assim o ponto só pode estar em um dos dois aspectos... e a arte é mais do que isso, o corpo está além das dicotomias.
Sou da cidade
Sou caminho que une
Sou pescador dos nós entre as ambiguidades superficiais
Sou mergulhador das questões de minha gente
Sou pedestre da margem Tietê
Ligo a Zona Oeste e a Zona Leste pra discutir a arte em seu valor universal, dilatado
Mas cada vez que mais sou percebo que só tento ser
Tento ser caminho que une
Tento ser pescador dos nós
Tento ser

Até quando teremos que esperar as ações pontuais surtirem resultado? Destruir os micropoderes... tudo isso me consome, minha energia some e cada sono não é suficiente pra me acordar de novo pra esse mundo mudo... surdo... de quem não quer falar, de quem não quer ouvir.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Corpo Resposta

Corpo Resposta ao comentário de Corpo s.C.

Te Lêio e te aceito assim como é. Danço com o corpo c.C porque não tenho preconceito com os corpos. Sou corpo s.C porque sou, não porque quero ou porque nego. Nitzsche é anti-cristo, só sou sem. Não tenho referência, no meu corpo não há a.C nem d.C, não tenho referência. Não quero desconverter ninguém, só narro um aspecto do meu corpo Lê. E concordo quando diz que está presente em mim este Corpo c.C. Assim como todos os outros tipos de corpos que me constroem. Porque sou uma esponja e absorvo tudo que a mim chega. Te absorvo a cada instante, Jú. Absorvo cada artista, cada herói e cada anti-herói. E me construo nessas constradições. Ser corpo s.C ao mesmo tempo que me dizem ter um corpo c.C. E acredito! Sei que sou assim mesmo.

quinta-feira, novembro 03, 2005

O Corpo s.C (sem Cristo)

Tanta parafernália
Tantra
Tanta parafina
Manta
Esquenta o mantra
Lê vanta, anda
Lê lê vanta lelé
Saia comigo e pinte o corpo como eu pinto
Vamos fazer um tantra?
Se jogar no abismo
De cara pro chão sem colchão, só tara
Enquanto o mantra esquenta
De baixo da manta
Pra falar de Deus, do seu, do meu
Orgasmo?

Organize o orgasmo
Multiplique o caos e desorganize o estado
Esperado no gemido repetido
Repetido
Repetido
Meu Deus é um ser orgástico
Biônico
Biológico corpológico biotônico, par em dois
Meu Deus é não divino
É contracultura, é devassidão, subventura
Particula, microcosmo, micropoder, sistema
Meu Deus, sistema contrário
No orgasmo transcende. Do corpo sinto
Sinto
Estou um corpo transparente
E essa flecha espiral que me circunda
Não vai do inferno ao céu nem dos anjos ao Diabo
Corre de um lado ao outro desenhando esse meu espaço
Perna, braços, ombros, pés, xulés, suores, escarros
Anus, pênis, pelos, nariz, língua, catarro
Boca, dente, saliva, peito, pescoço
Dedos no anus, na vagina, nos olhos
Sangue, porra
Mijo, bosta
Corpo
Meu Deus! Te achei, não tenho dúvidas
Conversar contigo... basta ouvir meu Corpo s.C