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terça-feira, abril 03, 2012

Corpo Também

Gosto do também
Abre mais que uma possibilidade
Revela a verdade de que nada pertence exclusivamente a nada
De que ninguém é de ninguém e de que qualquer coisa pode ser daquilo que se tem ou não se tem
Também
Há o que há e o que não há
Tambéns ancestrais, astrológicos, astronômicos, míticos, científicos, analíticos, estatísticos, políticos, módicos, lógicos, agnósticos.
O também desmistifica a ciência,
Serve às poesias do mistério
Reage às estratificações do sentido
Perverte a simbologia, inverte o exclusivismo.
Também, não poderia ser diferente, num universo tão cheio de possibilidades
Qualquer desconsideração de que o correto também pode estar errado
De que o aberto também pode estar cerrado
O concreto, abstrato,
O contemporâneo, ultrapassado
De que morto também vive em outro estado,
Serve ao simples fato de que tudo é múltiplo e sempre poderá ser multiplicado.
O também me tira da zona de conforto
Me lança no abismo da incerteza
Me revela ambientes incomuns, paisagens amorfas.
Fortalece o contexto porque dá poder ao depende.
Assim nada será só branco ou só preto,
Só pulga ou percevejo
Depende
Só soldado ou cangaceiro
Viajante ou hospedeiro.
Depende
Também depende de onde me posiciono
Por qual fechadura espia meu olho
Qual envergadura do meu campo de visão proponho,
A qual distância experimento meu olhar.
E, para além da vista,
Enfim,
Ou seja
Também depende,
Assim,
Se estou afim
De encarar a metafísica.

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