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quinta-feira, maio 15, 2014

Corpo de Portas Abertas

Não fui eu quem abriu a porteira. 
Segui na estrada sem olhar pra trás. Atravessei o mata burro, continuei meus passos pelo barro sem nem ver cobra alguma que atravessasse o meu caminho. Pouco me importam os perigos. 
Não fui eu quem abriu a porteira. Quem a abriu que se aprume e feche se quiser. Agora que já atravessei, sigo na estrada sem volta de pra trás olhar. Pouco me importa o que periga estar por aí, nenhuma cobra me fará desviar, nenhum burro obstáculo borra o que determino. Agora é passo ante passo e passo e me roço pelas belas paisagens do caminho. 
Não fui eu quem abriu a porteira. Quem abriu talvez seja o burro, atolado num tanto de si, de pata presa nas ripas atravessadas porque não soube olhar para baixo do umbigo e calcular o risco.  Patas quebradas porque abriu a porteira e já foi logo pulando sem olhar o que olhava... por quem passar? Eu passei por mim, não por ninguém, ou por nada. Passei pela aventura de passar para o lado desconhecido e sigo rumo reto e curvo, sem volta, sem olho nas costas, sem nem me preocupar com a porteira, sem nem me importar com os perigos. Qualquer que seja a cobra que atravesse meu caminho, não me importa, tô de bota, com pasto certo me embrenhando, se morro ou se mato, no morro e no mato... afinal
Não fui eu quem abriu a porteira. Foi você. Agora agüenta o tranco.