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terça-feira, março 01, 2005

O Corpo Gira

Nietzsche e Gira: um giravento pelas vidas
retrocessas (para pensar nos momentos de escolha e
angústia)

341.

O maior dos pesos.- E se um dia, ou uma noite,
um demônio lhe aparecesse
furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse:
" Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você
terá de
viver mais uma vez e incontáveis vezes; e nada haverá
de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada
suspiro e pensamento, e tudo o que
é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de
lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem
- e assim também
essa aranha e esse luar entre as árvores, e também
esse
instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir
será sempre virada novamente - e você com ela,
partícula de poeira!". - Você não se prostraria e
rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim
falou?
Ou você já experimentou um instante imenso, no qual
lhe
responderia: "Você é um deus e jamais ouvi coisa tão
divina!". Se esse pensamento tomasse conta de você,
tal como você é, ele o transformaria e o esmagaria
talvez; a questão em tudo e em cada coisa, "Você quer
isso mais uma vez e por incontáveis vezes?", pesaria
sobre os seus atos como o maior dos pesos! Ou o quanto
você teria de estar bem consigo mesmo e com a vida,
para não desejar nada além dessa última, eterna
confirmação e chancela?

( NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo:
Companhia das Letras,
2001.)

Se Nietzsche abriu alas para os nossos estudos
filosóficos, ele também fecha nossos preceitos e
esperanças... mas apenas por hora... pra Nietzsche, um
ciclo é infinito, um circulo volta em si num movimento
eterno, nascimento e morte, com uma vida no meio feita
de escolhas...um eterno retorno, eterno...gira o
círculo, um círculo gira só e só gira o círculo, nada
mais...