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quinta-feira, janeiro 10, 2013

Me defino como que nada me define

Há quem diga que estamos vivendo agora uma crise irreversível de identidade, que é algo surgido no final do século passado a partir do mundo globalizado e que toma cada vez mais força nesse início de milênio. Há quem olhe a questão pelo ponto de vista social, há quem considere os aspectos economicos e de mercado, outros preferem um olhar psicologizante de todo e qualquer processo, e por aí vai... eu não sei. Talvez eu prefira olhar e não entender, ou não tentar entender a patir de ferramentas das quais pouco tem nos ajudado (mesmo, muito pouco têm nos ajudado as áreas do conhecimento segmentadas que surgem aos montes em benefício de tão só aumentar o nosso arsenal tecnicista, ao invés de criar processos de construção e desconstrução ininterrupto de conhecimento). Só olhar que a identidade (a minha, a sua, a do centro, a da periferia, a de sua etnia, a de sua condição social) é coisa do passado e a moda infelizmente ainda não é a de aceitar que a diversidade se apresente como é. Os nazistas apresentaram o seu ponto de vista sobre a identidade, aquela que vem de fora para dentro, de quem TE olha e não de quem SE olha. Sistematizaram níveis de identidade nos campos de concentração a partir de triângulos fixados nas vestes dos prisioneiros. Os judeus usavam o triangulo negro, os ciganos o marrom, o homossexuais os rosas, os dissidentes políticos os vermelhos. E vemos hoje toda uma reprodução de valores e preconceitos com "identidades" fixadas por hegemonias que misturam como bem entendem poder assassino e cultura. Minha família provavelmente usou um triângulo negro, ou marrom, não sabemos ao certo, antes de vir para o Brasil. E nossa história ficou perdida em algum navio transatlantico. Quando paro e penso se minha origem me define, penso que não. Nada me define, na verdade, além de que me defino como que nada me define.

 





 redbiancoenero.wordpress.com/2010/01/25/porrajmos-lo-sterminio-dimenticato-dei-rom-2010/