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domingo, maio 13, 2007

Corpo-espaço-tempo

Tem momentos na vida que são decisivos e marcam uma virada sem volta. Nada mais será como era antes, nada, um vazio pra peenchermos com coisas novas. Não tem, não tem mesmo volta. Adiante é o caminho da gente... até, como diria Guimarães, começarmos a trafegar pra cima. Pras estrelas. Por enquanto nos resta vagar pro desconhecido e esperarmos a certeza, única, que nos resta. Enquanto não vem essa visita do fim, preservo o cultivo da sabedoria, do acúmulo de experiências no dia-a-dia, o real proveito que elas me trazem. Quero ser um dia um velho sábio. Assim sinto que vivo, triste, por hora, é verdade, mas vivo. Mais transparente pra tudo, sincero, sempre, pra não enganar a mim mesmo. Aos outros me construo e me reflito, nessas atitudes. Talvez por isso tanto me confiam... e agradeço.

Talvez fique sem escrever por um tempo. Pelo menos por aqui... volto quando meu corpo sentir que é hora. Por enquanto escreverei por aí e ouvirá quem por hora estiver no lugar certo e na hora certa. Escrever com o corpo no espaço, improvisar, ensaiar, criar minha Carta ao Corpo pra preencher cantos vivos, em matéria palpável, em aglomerados de gente que te vêem e te tocam. O fato é que quero troca, sincera, sincera troca presente ligada no momento faiscante emocionante política sensata entre dois seres entre o mundo pro cosmos

!

Assim, fico assim. Escrevendo minha carta. Cento e poucos textos por aí, na internet, aqui e em comentários de outros blogs. Agora me ache se me perseguir nas veredas que frequento. Em corpalma de baixo de um teto ou numa arena a céu aberto, a descobrir na ação do texto o que aqui construí em pensamento

E poesia.

Deito e espero um deleite
Criativo
A cabeça revira enquanto inquieto
Escuto quieto o meu quê hiperativo
Tremo e sorrio
Arrepio
De repente um frio e vejo
Estou suspenso
Suando fino
É o começo do que percebo
Ser o momento primeiro de quando crio.


Nos vemos em corpespaçotempo.

quinta-feira, maio 10, 2007

Parafraseando Leminski

"nisso eu sou primário
amor pra mim
vem do caralho"

Não só pra mim... basta mudar as desinências de gênero e substantivos do sexo. Como não percebi isso antes? Até mesmo nos anjos, percebe? Ah esses corpos que me enganam... e me enganaram tanto tempo... tisc tisc... romantismo é esconder o amor humano, que vem da carne, é eufemizar a visceralidade. Pois assim, amor do ventre, não é mais belo? Bom, em três linhas Leminski já disse tudo. Paro por aqui...

quarta-feira, maio 09, 2007

Corpo Pragmático: da utilidade prática do corpo.

I-

Bem,
Me quer?
Mal
Me quer
Se quiser mal, bem...
Bem mal será o que quer.
Praga!
Pragmatismos...

II-

"Segredos de liquidificador"
no ouvido?
no pé, perdeu
nó... ó: resolveu?
Confuso esse capítulo
Cazuza, licença à sua música
(Cantando) "Segredos de liquidificador"
nó: ó... entendeu?
Não pense, que esquenta.
Experimenta
Pragmatismos...

III-

Gostoso
Corpo
Doce
Gelado
com quente
Contente
Namorado
Chefe de Cozinha
Passa a faca
E serve à mesa
O próprio corpo cozinhado.
Um bom vinho
Boca boa e bom bocado
Um bom queijo...
Um bom beijo...
Pragmatismos...

Bon'Apetit Bon Voyage

terça-feira, maio 08, 2007

Um mais um nem sempre é dois
Felizes casais
Esperto demais se voltar atrás
Nessa bobagem
De querer a eternidade adiante no cais
Nas juras de paz
Há tristeza demais nessa miragem

Pelo ar, distante aberto,
Viajar no mar deserto
De vontades
Distoa do que o outro quer
Não mais estar
Por perto, ficar
Sem mais me beijar
O sonho não é mais concreto

Desatar o ego
E seguir no enlace
Cortando o nó cego
Se quero repego
Eu passo e me esfrego
Sem dar
Pinta de solitário
Está bem, tudo bem
Eu fico assim sem
Compromisso sério

Essa visão de se
Contradizer
É o que me faz viver
Volto pra cama
Espero, me chama
Numa chama acesa
De mulher em lar
Alguém pra amar
No fundo falta mais
Um travesseiro.

Volto pra cama
Espero, me chama
Numa chama acesa
De mulher em lar
Alguém pra amar
No fundo falta mais
Um travesseiro.

segunda-feira, maio 07, 2007

Solto Corpo

Da tristeza ficam as horas seguidas de felicidade. É esse movimento indovindo das horas preenchido de acontecimentos com sutilezas que dão real importância. Não quero essa alegria eterna, porque não quero uma alegira monótona. Variar nas sensações, reações, conversivas, dispersivas, diversas adversas, é trazer pra si conhecimento, e saber reconhecer-se nas diferentes posições de estado de espírito. Assim sabemos melhor do nosso corpo, de cada póro. Assim sabemos melhor. No final, na velhice, quando damos conta da não eternidade junto à eminência direta da morte, olhamos pra trás e fechamos a conta pra balanço. E ficam as lembranças sem julgamento, as imagens e as sensações. Felizes ou tristes? Bem ou mal? Bembem, malmal, malbem, bemmal... não importam as deduções superficiais dicotômicas. Tudo será encarado com sabedoria. Enquanto, por, deguste o momento e aja no instinto do prazer ou sofrimento. Aprenda consigo, temos muito mais a nos ensinar. Um novo amor, o velho renovado, um sentimento alastrado de solidão, ou o cultivo de uma amizade, mesmo, ser sexual, a família e os animais, a natureza e a tecnologia, a ciência, a religião, a arte e a filosofia, serão um corpo além do conceitual. Esponjamos enquanto andamos por aí. Se me Lê, me leia assim esponja. E solteiro. Solto, solto. Agarrado só se for ao vento. As vezes jogado contra uma vidraça, as vezes trepado num galho de trepadeira. As vezes no pico da montanha, as vezes num varal com roupa de cama. Vezes como folha, vezes como pássaro. Certeiro no vagar-voar por aí. Triste ou feliz, vagueio. Avôo solitário. Sol-teiro, Sol-itário. Sempre há luz do sol. Sol-inteiro, Sol-otário. As variações são muitas.

Sol-teiro
Sol-itário
Sol-inteiro
Sol-otário
Hélio
Lélio
Lêlio
Lê, lí-o
Assim em textos sorrateiros.

Por mais assunto sem encerro. Escrevendo, menos tagarelo. Embora seja o início do discurso. Por isso não leio em voz alta. Talvez um dia interprete no corpo, em cena. Aí a arte floreia e aberto ao tempo tudo fica. Não cuspo moral e crio possibilidades. Introjete-me em seu meio. Conectamo-nos numa mesma esfera culturaverbsexual.

quinta-feira, maio 03, 2007

Corpo sem menino

Passa boi
Passa boiada
Passa trem
Passa passarada
Passa o que não fica e só fica o que não larga
Dessa vez desmistifica essa vida que não pára
É só para ver se fica pra uma próxima parada.

Desce longe essa montanha
Deslizando no meu corpo
Entendendo o que me resta
Nesses pêlos de enrosco cachos
Acho o que me acerta
Tateio ainda o que me resta
Revirando uma fresta, respirando o outro
Olho

Ai, o que não quero é essa vida de menino
Essa vida de moleque esperantudo do divino

Ribanceira se esgueia e me cobre a cachoeira
Veste um véu sem mais floreias
Intenções de casamento não existe mas atento
Pros perfumes desse vento
Vindo longe d'outra serra
Outras flores
Outras velas

O que não quero é essa vida de menino

Revirando do avesso puxo o que não vi direito
Rasgo trago do umbigo e me acho tão tranquilo
Enganado na cabeça abro aquela gaveta
E descubro um consciente coletivo escondido

Essa vida de moleque esperantudo do divino

Passa boi
Passa boiada
Passa sol
Passa invernada
Passa a alvorada que deixou a nova luz
Celebrando um novo tronco
Novos órgãos e sistemas
Me alinham n'outro tema
O que é novo me conduz

Ai o que eu não quero é essa vida de menino
Essa vida de moleque esperantudo do divino

Obscuro que vagueia
Óbvio que me clareia
E me cega
Claridade de lanterna na cara
Perco
E perdendo só fica o que passa
Atravessa
Se despessa
O meu corpo não é mais morada d'alma
É a própria reorganizada

Ai o que eu não quero é essa vida de menino
Essa vida de moleque esperantudo do divino