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terça-feira, janeiro 31, 2006

Corpo Circular

Segue o circo no seu rumo, quem quiser que vá atrás. Porque ele segue em frente sempre, depois volta. É circular. A caminho do circo eu vou, no balaio estou sempre a me perguntar: porque mesmo depois de tanta viajem o circo volta sempre ao mesmo lugar?

Respondo e volto sempre ao mesmo lugar
Pergunto a resposta e volto a perguntar
Retorno eterno nessa roda
Que embora sempre roda vale a redundância circular

Redunda
Redonda
Rede
Onda
nda
nada
rola
tudo roda
sempre a retornar.

rumo ao Circo do Balaio!

terça-feira, janeiro 24, 2006

O Corpo do Aperto do (r)Ego

Por perto, aperto
E resseguro o verbo
O Reto aperto
Seguro certo pra não entrar nem sair nada.
Que nada, o nada nada no mar sem fim
Nem começo
Nem nada
Só o tudo por completo
Tudo é tudo e nada mais
Redondo e imendado
Sem canto, sem teto
Até redondo é o reto
Querer estar por perto no redondo é sempre longe
Bom estar assim se por largo se faz estreito
E por distante se faz próximo
A fila anda e o mundo roda
O reto dilata e contrapõe
O movimento que expele a merda,
A arte
E a ferida.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Carta ao Corpo de Pasárgada

Pasárgada à 6 Km

Me pego na fração do tempo e penso e repenso qual deve ser minha vocação. Gosto das artes, como gosto!

Toco violão
Brinco de percussão
Canto mal mas tenho o meu charme
Componho
Na composição escrevo e escrevendo faço poesia e filosofia
Estou longe de escrever bem
Dá pra enganar na cambalhota
Circo, me bota corpo bonito

Por enquanto não vou muito além disso

Sou classe média
Fico no meio
No medíocre
No que é bom mas não é ótimo
No que me dizem ser bonito
Mas será que é autêntico?

Toco uma punheta
Brinco de ser xereta
Canto de sala com seu charme de bordel
Componho
Na transposição inverto e invertendo faço esteria e demagogia
Estou longe de falar bem
Dá pra enganar os idiotas
Circo, me bota um tanque no abdômem

No entanto, e o Homem, como fica tudo isso?

Pelo pelô pélo o pêlo no pelourinho. Chicotadas nos pormenores da vida, na bunda, na virilha. Nesta terra que tudo planta e tudo dá, só não dá pra ser artista. Numas e noutras penso em ir pra longe, lá pros interiores, viver de natureza, a verdadeira poesia que salta aos olhos, aos ouvidos e à pele. Reescrever Macunaímas e enlouquecer no colo da amada. Fundar comunidades e tentar uma nova sociedade. Plantar para comer, criar para viver e não pensar em sobreviver. Ô utopia! Sumir dessa selva de pedra que é um emaranhado de redes de pesca arrastando as tartarugas.

Não fujas
Não fujas
Fujas
Fujas
Fujas

Gosto das artes, como gosto! Mas aqui, nem assim me sinto bem. Ficam os amigos, fica a família, fica. Fica que eu vou. Se quiserem venham pra Pasárgada comigo. Venham que eu não fico, não fico porque vou. Vou encontrar os modernistas, Mário me espera ansioso. Estou saudoso. Lá não precisamos de dinheiro que aqui compra até felicidade. Lá está tudo mais ameno e aceitam bem as artes. Assim como aceitam os padeiros. Temos emprego e todos nos adoram. Nos têm como sociais. Em Pasárgada todos são amigos do rei. Lá o tempo pára pra romaria passar. O amor é mais amor, o sonho é mais sonho, o tesão é mais tesão. O choro é mais choro e a dor é mais dor. Não existe maquiagem, as máscaras caem e todo mundo fica nú! Vamos para lá encontrar Godot ao lado de Becket rindo das nossas caras que chegam com pavor. Cumprimentar São Jorge com seu cavalo de pau. E cuspir fogo no rabo do Rei. Lá todos são amigos do Rei. Lá todos podem ser autênticos gays. E os heteros serem caretas felizes, livres dos rótulos do modismo. Tudo é livre de qualquer machismo, feminismo, vanguardismo, cismos de ismos, rótulos e categorias que levam ao preconceito. Lá seremos perfeitos! Posso ficar debaixo da árvore, no pé da cachoeira, escrevendo Cartas aos Corpos e beijando a Ângela a vida inetira. Entender o que é intuição, distração e criação artística. Entender o que é tempo, espaço e metafísica. Entender o que é afeto, amor e tesão. Entender a morte e a vida. Os dualismos e os poliedros, polifaces, policorpos e políticas. Entender a dialética, o épico e a loucura. Entender a estrutura, a matéria, a base, o chão, o meio e céu. Entender a música e a emoção, o teatro e o pensamento, a poesia e a lírica humana. Entender a tentação do inferno e a religião. Entender o sagrado e o profano. Entender o milagre e encontrar Jesus Cristo Pop Star. Entender o que é e como funciona tudo isso. Como se dá no meu corpo. Entender os micropoderes e o sorriso da Monalisa. Entender a pulsão em Nietszche e a pulsão em mim. E desejar que tudo seja Eterno Retorno! Vou me embora pra Pasárgada porque lá posso viver o caminho, o processo, o fluxo do rio e o fluxo do tempo, os instantes presentes. Posso plantar pra nascer, a semente perfeita pra árvore perfeita de frutos perfeitos de sementes perfeitas. O ciclo, o círculo, o circo. O circo... o circo...

E eu num sonho
Não me acordem
Não me acordem
Me sacodem só quando terminar a viajem

Paiê, falta muito?

Meu pai? Já deve estar lá conversando com o Mário...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Simples como dizer angú.
No seu cú, jaburú
Simples como as coisas mais complicadas da vida.

sábado, janeiro 14, 2006

Um Corpo Só

Só de corpo vivo em meu mundo torto. Um corpo só de só um corpo. Um mundo torto que quer ser reto, ser letrado, ser esperto por ter estudado. Mas certo, certo, mesmo só de corpo faz-se a sabedoria. Experimentar o que vale a via, pra conhecer o que há de excesso. Em minha sabedoria colho do sentimento o fluido de um só corpo. Intuo o pró-corpo em processo de pró-ternura. Estar eterno e tenro e perceber o elo, o fluxo, o rio corrente em frente, o que liga o meu policorpo na unidade não federativa, mas livre, de prazeres, poderes e afazeres sociais, biológicos e testimoniais. Ao fim disso tudo serei só corpo, talvez erguido em jabuticabeira, com jabuticabas pingadas do pé. Mas por ser tão poli num só homem talvez encontre goiabas, laranjas, romãs e pitangas. Todos os pólens saindo de todas as flores, semeando em todos os frutos, a odorificar todos amores. Raízes de todas as árvores e terra de todas as nações. Sigo meu rumo nessa internet livre e que meus direitos autorais estejam por respeito num só corpo endireitado e que, por pró-consciencia, meu projeto de corpo seja uma tentativa letrada de dizer aos meus pelos e peles, sacos e pensamentos, estômagos e cardiovasculações a carta que os escrevo, a Carta ao Corpo em corpo(r)ações.

Obs: tudo que é "pró" lê-se a favor da correnteza do rio. O rio pode estar pro bem ou pro mal; também pode estar além do bem e do mal, o importante é que ele está indo a algum lugar. O fim? A mim interessa o caminho...

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Corpo do anjo.





Anjo,
Me anja
Me açucare com o seu manjar.

Meu anjo,
Me ângela
Me pele, me gele, me mostre como
desp
enc
ca
r
no seu arranjo de nuvem
Te levo, meu anjo, cachos de uvas
litros de vinho e licores do diabo
Pra sempre angelicar
Os pecados oferecidos como sacríficio
Da alma
E viva o corpo!
E viva o corpo!
E viva o corpo de anjo!
E viva os arranjos dos corpos
Os corpos sempre se arranjam
Viva o corpo de ângela?
Anja viva o seu corpo...

Criar Nova Postagem. Um novo corpo que se cria.

Crio minha nova cara
Minha nova era
Com minha antiga Eva
Que quero até a maçã ficar velha e enrugada;

Crio minha nova cara
Com felicidade de dentes
Brancos de neve e adormecidos
Belos ares de primavera batida atrasada no peito;

Com pressa deito pra sonhar
Com calma durmo pra não acordar
Num susto brando
Momento sensacional
Sensitório
Sensível
Fracionário susto no tempo do ronco
Um bú que me tirasse do tronco a percepção;

E perdesse tudo denovo
A eva, a velha, a cara nova de nova era
E visse então o amargo corpo de outrora sem as auroras
Da mudança de estação.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

No mais, reforço a afirmação de Gainsburg: Quant à moi...Quant à moi. Ça ne va plus très bien



Não vou nada bem.

Corpo Tao

Tao

Tô espremido. Até o osso. Até o cabo. Até o caroço. Tô espremido de cólera. Até a cólera. Até a cólera me consome o caroço, o cabo, o osso. O meu pescoço arde. Tô espremido até o estômago. Meu intestino queima. E o meu pau amolece a cada... Até meu pau amolece. Até meu pau amolece. E fico assim inflamado de febre, com esperanças de tolo. Fico a esperar o milagre do santo. Posso eu fazer milagre oco? Posso ficar a mercê dos meus doídos espremidos calos do osso, do cabo, do caroço. E rezar pro santo do pau oco que me dê a benção pro pensamento do desejo alcançar o pau e deixar duro, deixar todo, maciço, até o osso, o cabo, o caroço. Até o pau ficar duro. Até o pau ficar duro. Inchado até ao menos parecer um esboço que deve ser o tao do pau.

domingo, janeiro 08, 2006

Chatterton


Serge Gainsburg



Chatterton

Original de Serge Gainsburg + Adaptação de Seu Jorge

Chatterton, suicidou Chatterton suicidé
Kurt Cobain, suicidou Hannibal suicidé
Vargas, suicidou Démosthène suicidé
Nietzsche Nietzsche
Enloqueceu Fou à lier
E eu, não vou nada bem Quant à moi...
Quant à moi
Ça ne va plus très bien

Chatterton, suicidou Chatterton suicidé
Cléopatra, suicidou Cléopâtre suicidé
Sócrates, suicidou Isocrate suicidé
Goya Goya
Enloqueceu Fou à lier
E eu, não vou nada bem Quant à moi...
Quant à moi
Ça ne va plus très bien

Chatterton, suicidou Chatterton suicidé
Marc-Antoine, suicidou Marc-Antoine suicidé
Van Gogh, suicidou Van Gogh suicidé
Schumann Schumann
Enloqueceu Fou à lier

E eu, puta que pariu, não vou nada nada bem

Quant à moi...
Quant à moi
Ça ne va plus très bien

sábado, janeiro 07, 2006

Sigo meu rumo dois zero zero meia

Voltei de viajem. E voltei diferente. Voltei com saudade.
Voltei com ilusões de mais, talvez. Mas seja o que Deus quiser. Porque eu já não sei o que quero. Não sei o que espero se o que quero nem sempre é o que espero ver. "Pretinha, faço tudo pelo nosso amor, faço tudo pelo nosso bem, meu bem." São Jorge que anuncie minha sentença. Largo na mão do cosmos pra tentar viver na intuição... Bergson... porque controle das coisas racionais e lógicas parece ser ilógico pra mim.

Sabe tudo aquilo que combinamos? Que vá tudo à merda!

Ano novo e muita merda! Com cartão no topo do limite. Com o limite fora dos dez dias sem juros. E as juras, ah as juras, de amor longe de estarem por perto.

Voltar pra PUC em crise!

Por favor Brasil, seja hexa!

Porque o diabo, o capeta, o sem moral e sem vergonha daquele vendedor de colchões vai conseguir fazer de um inocente um ser ainda mais fudido frente aos cofres publicos... deixa pra lá, só quem sabe da história é que entende.

Voltei de viajem. Voltei diferente. Quero ter um cuidado pra isso não virar diário. No desespero é que vejo o quanto ainda falta pra eu ser artista. Escrevo tanta merda, falo tanta merda, componho tanta merda... e tanta merda! Merda, pelo menos é sorte no teatro. Quem sabe não seja um ano de merda nesses palcos, ruas, qualquer espaço, já que se faz em qualquer um hoje em dia?

Desejo a mim mesmo um ano amoral. Quem quiser-me que me queira. Jogo aos cosmos e que São Jorge me proteja.

Fico com
Nietzsche
Bergson
e Sade

Guimarães me acompanhe
Mario de Andrade vem chuva vai sol vem sol vai chuva está sempre grudado em meus calcanhares
Leminski tenho agora em meus espaços
e na cabeça Lenine canta enquanto encanto pelo ares

Sigo meu rumo dois zero zero meia

e os corpos de outrora se diluirão em temas de agora

Arre São Jorge que a viagem começa! O boi já sai encabeçado tirando vanguardeiros da frente. Corre mundo porque eu vôo enquanto tento ser poeta.

Sigo meu rumo dois zero zero meia. Quem quiser-me que me queira
Arre São Jorge! O boi tá encabeçado!
Corre mundo porque eu vou voando nas rédias de um cometa.

Meu convite tá feito. Os fatos, queimaram no crematório, consumados.