Pesquisar este blog

terça-feira, abril 17, 2007

Corpo Vinte e Poucos

Pelas minhas jovens pernas que caminham pelas estradas cantadas, atuadas, escritas em poesias e em saltos soltos de acrobacia percorrida
Reconheço meu território além do corpo
O espaço que fabrica meus calos de pé e de coração
O campo que acelera o embrutecimento e nos torna mais adultos.

Ana é criança
E tem na vida a ciranda. Se sempre Ana for colorida
Verei no brilho da sua retina a alegria de Aninha
Cheia de graça. Eterna cunhada. Passaremos a passear.
Sofia é criança
Das mais ainda pequeninas
Que nem sabe se dança, se canta, mas alí sempre brinca
Sem querer cria à sua semelhança a vida de esperança.
Sabe de nascença o que é sabedoria.
Maria Júlia é criança
Mesmo sendo Júlia, a frente sempre é Maria. Como todo dia é dia de Maria
Júlia embirra mas logo faz graça e engrossa a maravilha
Simpatia
Sincera, por ser sincera simpatia.
Mariana é criança.
Tem em sí Maria e Ana embutidas
No tamanho esbanja amor e delicadeza de menina moça
Mas mais ainda é uma menina
Chora junto quando choro
Lava junto sua agonia.

Pelas minhas jovens pernas o caminho se faz rápido e curto
Corro
E quase não vejo passar o tempo.
Vagueio
E quase não vejo passar o passado
Amo
E quase não percebo o suave passeio pelas histórias a quem me proponho
Um livro de mil palavras e mil abraços
Rasgando em versos que viram músicas se misturados ao vento
Som sibilante de pássaros e gotas-de-chuva
Mínima música, mínimos os gestos
No cabelo uma luva de aguadas notas musicais que grudam nos emaranhados cachos uniformente tecidos pra prender amor.

Cabelo liso, agarro firme
E perco a força, seguro
Amor de artista pela luta, seguro

E nem te percebo. Ou te percebo se me larga
Te percebo porque me esculacho
Percebo-te em rabiscos fortes

Riacho de sorte ou luta de uma só dor


Pareço o que sou?
Pareço o que pareço e sou o que me vêem

Soou ao vento notas molhadas na chuva musical

Apareceu na janela
Recebeu minha serenata
O que canto não vela
A morte.
Espera
Una ultima suspirata

De morango com chocolates

E muita festa e muita festa
E muita festa, tão pouco choro

Por dias inteiros o sol
varanda e quintal
Nenhum futebol

Una sonata

Só esperava ela. Caminhando ao tempo largo.
Pelas minhas jovens pernas começa a me olhar de baixo pra cima
Vê as coxas, o sexo e a barriga
Vê o peito, os braços, o pescoço e minhas narinas
Não vê meus olhos
Minha janela esconderijo
Onde a criança perdura.

Corpo Lê aprendendo a andar com suas próprias pernas

Onde a criança perdura.

Corpo Anjo aprendendo a voar com suas próprias asas

Onde a criança perdura.

Olha pra mim
Sou o que era?
Espia pela janela
E me faz um arrepio.

Olha pra mim
Meu corpo espirra de frio.

2 comentários:

Anônimo disse...

Arrebatador! Lindo de morrer, forte pra viver (me desculpe a rima pobre, mas exata).
Se a tristeza já está virando palavras, sinal de novos tempos. Homem-criança, respeita a história que cada um escolheu e reescreve a tua. Palavras e poesia não lhe faltam, larga a teimosia.
Te amo, Tha.

Ângela Garcia e Garcia disse...

Lindo...