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terça-feira, abril 22, 2014

Essa treta sobre o sim, o não, o porém, o talvez e o desde quê para os editais/ projetos que hoje regem a produção artística, se dá com o paradoxo de que ao mesmo tempo em que arte não é de mesma natureza do produto do mercado está circunscrita ao seu tempo, portanto, para ser produzida, depende dos meios de produção que envolvem as lógicas de poder. O paradoxo primeiro é que sendo ela um não-produto por natureza, não se sustenta sozinha mas precisa de dinheiro para ser produzida, logo sustentada por algum tipo de mercado nesse nosso contexto [d(e)]volutivo. O ser-humano só foi capaz de inventar até hoje uma única forma de sustentabilidade, àquela que é calcada pelo poder centralizador, subsidiada por alguma de suas formas (Nobreza, Burguesia ou Clero - salvas suas devidas atualizações pós-modernas). Mesmo as tentativas fora-dos-eixos e de economia criativa e de economia solidária possuem lógicas que, de alguma forma ou de outra, encerram a produção artística ao produto. Cabe a nós artistas agir na subversão e talvez a maior delas seja a de não produzir arte. Eis portanto um segundo paradoxo: não produzir arte para ela emergir de fato. Porque talvez a idéia de arte que discutimos hoje já esteja mutada no cromossomo X pelos meios e modos transgênicos de produção capitalista. Talvez a arte que tanto brigamos para que aconteça nem seja arte, seja só um projeto para um edital qualquer, um souvenir para um rico qualquer, uma imagem para uma igreja qualquer, uma propaganda para uma multinacional qualquer... e aí talvez aceitaremos que artistas somos todos e um novo paradigma se apresentará como uma pedra no sapato, um chato no saco, um periférico na academia.

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