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domingo, janeiro 06, 2008

Corpos

Minha vida alí, deitada ao contrário, pegando a coberta de lado, emburrada, madrugada, nem se meche. Um bruços fechado sem papo nem toque, sem baque ou ibope, nem truque, nem saque um carinho que não adianta. Nem cheiro de bom humor... minha vida alí, uma juventude de arrastão, inquieta, arredia ao mesmo tempo que seresteira. Uma discussão besta, uma noite perdida de um dia esquisito. Madruga emburrada a dentro e só um daqueles momentos em que o sono não vem. Fugir um tapa... dá vontade de tomar loucura pra ter porre de liberdade. Minha vida alí bufando a agonia e resmungando a má educação, só geme se tiver alforria e só goza se achar que vale o disperdício de energia, pena
não ter um travesseiro pra cobrir o desgosto, apagar o rosto e tampar a respiração. Durmo sem, prefiro a coluna reta no colchão de mola, lançando sonhos em saltos ao alto, lá batem no teto e matam pernilongos. Voltam me dando um sono tranquilo. Minha vida alí e minha noite em algum outro lugar lá fora. Minha vida alí na cama, deixando com o peso a forma, com o suor o cheiro, com a baba a digestão destes tempos sem sono.
Minha morte... distante. Tenho o prazer da sorte.
Me vale seus olhos, não me deixe dormir sem seus olhos, não durma, não suma, não voe sem que me olhes com estes olhos que por enquanto...
Minha vida alí a sete braços cruzados, coração fechado, deitada de costas, pernas no peito, guardada em caramujo, "não me toque, não me alcance, não me acorde". Assisto de fora no escuro, madrugada emburrada. Que amanheça o dia, que chegue outra espera
esperança...

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