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quinta-feira, maio 03, 2007

Corpo sem menino

Passa boi
Passa boiada
Passa trem
Passa passarada
Passa o que não fica e só fica o que não larga
Dessa vez desmistifica essa vida que não pára
É só para ver se fica pra uma próxima parada.

Desce longe essa montanha
Deslizando no meu corpo
Entendendo o que me resta
Nesses pêlos de enrosco cachos
Acho o que me acerta
Tateio ainda o que me resta
Revirando uma fresta, respirando o outro
Olho

Ai, o que não quero é essa vida de menino
Essa vida de moleque esperantudo do divino

Ribanceira se esgueia e me cobre a cachoeira
Veste um véu sem mais floreias
Intenções de casamento não existe mas atento
Pros perfumes desse vento
Vindo longe d'outra serra
Outras flores
Outras velas

O que não quero é essa vida de menino

Revirando do avesso puxo o que não vi direito
Rasgo trago do umbigo e me acho tão tranquilo
Enganado na cabeça abro aquela gaveta
E descubro um consciente coletivo escondido

Essa vida de moleque esperantudo do divino

Passa boi
Passa boiada
Passa sol
Passa invernada
Passa a alvorada que deixou a nova luz
Celebrando um novo tronco
Novos órgãos e sistemas
Me alinham n'outro tema
O que é novo me conduz

Ai o que eu não quero é essa vida de menino
Essa vida de moleque esperantudo do divino

Obscuro que vagueia
Óbvio que me clareia
E me cega
Claridade de lanterna na cara
Perco
E perdendo só fica o que passa
Atravessa
Se despessa
O meu corpo não é mais morada d'alma
É a própria reorganizada

Ai o que eu não quero é essa vida de menino
Essa vida de moleque esperantudo do divino

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