O gigante acordou. Foi à feira, carregou batata, atualizou o preço do tomate na placa, anunciou que o preço é bom e não vai sobrar nada pra xepa. Recolhe a barraca. (bocejo). São trezentos quilos de ferro e lona que mais parecem quinhentos e cinqüenta. Deixa o lixo alí pro alguém ter trabalho. Faz a conta do dia e se dá conta que vive pra fazer dinheiro.
O gigante acordou. (bocejo). Hoje é dia pra noite. Pegaram sua luva por engano e atrasou a saída do caminhão de lixo. Tinham que fazer três ruas por uma e na correria ia acabar ficando serviço sujo. Ano passado a caixinha foi fraca, é melhor melhorar pro final desse ano ficar bonito. (bocejo). Hoje tá foda. Fazer rua do centro é catar na bosta e no mijo. Quase confundir craquero com entulho, alí no canto da rua. Mas a diversão é zoar com as putas, que retribuem mostrando a bunda pro operário fudido. (bocejo).
O gigante acordou. (bocejo). Foi à forra. Travesti de 1,90m não leva desaforo pra casa. Mas se juntam três carecas, uma chave de roda, um soco inglês e uma corrente de aço apertada no pescoço, o pra casa nunca chega e a rua fica ainda mais solitária. Hoje não tem bocejo, tem ultimo suspiro sufocado e o bafo frio de qualquer dessas geladeiras do IML.
O gigante acordou. (bocejo). Foi à missa do Domingo, que atrasou. O padre passou mal... mas dizem que foi algo com o coroinha, na verdade. Só que se cala, se ajoelha e se reza. Não se blasfema com a fofoca alheia. (bocejo) Que chegue a óstia antes do futebol. Vou perder a hora, o apito, o churrasco e o samba.
O gigante acordou. (bocejo) Mas em suma nem durmiu. Em suma, vai sumindo. De vez em quando lembra que tem parente... isso quando dá folga no batente. Mas é quase nunca. (bocejo) Quase nunca não é segunda-feira. Quase nunca não é. Quase sempre o gigante é bem pequeninho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário