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terça-feira, março 18, 2014

Quero ser Leandro Hoehne, enquanto outros só querem me-ter...

Estou eu aqui pensando na vida. Estou eu ali pensando na vida. Eu e meu duplo. Numa mesa redonda de cozinha, um vaso de flores rosas e roxas, uma toalhinha, uma caixinha de maçã que me azedou uma barra de cereais rançosa. Queria mesmo era devorar uma barra de versos, mas no momento só me vem prosa. Estou bem aqui na minha frente. Me olhando nos olhos, braços erguidos, matando pernilongos que se aproximam. Me sinto poderoso com esse espírito matador. Os olhos fundos, a barba por fazer, um desejo de vingança. Por dentro há dança, um tango dramático ao pé do ouvido como num filme de Al Pacino - seduzindo mulheres, sendo bandido. E fico me olhando como se não me conhecesse mais. Fico me olhando como um lobisomem em lua cheia, com medo de mim próprio e admiração também. Diferente de Narciso, sou capaz de matar minha imagem num ato simbólico de suicídio. E não me represento mais, não me reconheço. Essa barba já não é minha e a música do Arnaldo Antunes soa como babaquisse na voz do Nando Reis a cada vez que meu duplo me olha mais fundo. É um pouco de auto-autoanalise. Um pouco de 'se enxerga' como dizem as crianças umas as outras na periferia. Tô me enxergando e gosto do que vejo, o que não significa que seja bom, tão pouco que seja mal. Não é reflexo, é outro de mim. Só quero isso agora, só isso:

Quero ser Leandro Hoehne, enquanto outros só querem me-ter...

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