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quinta-feira, novembro 27, 2008

Inferno Astral

Escrevo minhas sinceras Cartas ao Corpo. E por um tanto de tempo, depois de um inferno astral de mal tempo, ou mau estado de humor, nesses dias, não foi por minha própria vontade que pensei pela segunda vez, desde que escrevo, em não mais entregar às teclas meus pesamentos de corpo inteiro. Sinceridade também mata e devia estar no rol de doenças contemporâneas de alto risco, de auto risco.

Pois essa atividade publica me deixa as vezes pensando que não há mais espaço pro que talvez seja o coletivo verdadeiro, que parta do indivíduo corajoso, que mostra a identidade e prepara o cerco confiante de que não está sozinho, com mais indivíduos confiantes de sua identidade, corajosos verdadeiros, preparados no coletivo... mas está sozinho. Pensei que não estava. Mas estou. Quem dá a cara a tapa, apanha. E só isso.

Pois é essa a atividade pubica, que me vira o pubis ao avesso e toda hora me pego por dentro e me perco, me cerco, me aperto e volto jogando merda na pólis. Querendo esfregar meu cheiro nas esquinas, pestiar as vistas, imprimir as fezes - a obra.

Não, não há que, se, merece, aceitar o carma que gregos são diferentes de troianos. E não sou tão puta dolor a ponto de estar dentro do cavalo discursando pra ambos.

Pois é essa, a atividade discursiva, que interrompe a ação. E é a ação, por ela própria, que se baseará minha estratégia.

Que me ilumine, então, poesias alienadas, pseudo-míticas, pseudo-críticas, pseudo-éticas, neste purgatório terreno em que resolvo me entregar às serenatas de beira-rio enquanto o mundo explode. Que seja esse meu disfarce e que conversemos mais tarde debaixo da terra ou acima da Lua, em algum próximo inferno astral, para os resultados em que a humanidade se coloca.

Quem que me cruze, que desloque.
Quem desloca, que me cruze.
Se agarrar, não me solte. Não,
não solto se me toca.
Não me toque se não peço.
E não peça pra eu sair da toca.

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