Das mudanças do corpo cabem as circunstâncias da vida. Cresço e, ao que amadureço, me escancaro. Aqui há minha porta aberta, onde parte o prolongamento de meus braços e pernas além do meu ego de ator e força circense. Partem minhas palavras em corpo, em carta, em viva poesia, mesmo se em prosa vier a narrativa. Sei que espiam e não deixam pistas, mas, se puderem, comentem... e deixem um pouco da sua carne poética em minha cerne criativa. Experimentem...
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sábado, outubro 20, 2007
Corpo de Histórias
Queria contar a história de um menino. Era uma vez. Várias vezes. A ultima vez que se tinha esperanças demais. A idade dele era como se fosse a jovialidade de mil anos. Era um jovem velho, sábio fresco, de brilho nos olhos. Entendia da vida como a intuição sugeria e ele acreditava. Tinha o corpo aberto e conversava com todos os orixás, todos os santos, demônios, anjos, monstros mitológicos, extraterrenos e infantis. Sabia de histórias. Só não gostava de contá-las, se confundia, muitas imagens, muitas sequências de acontecimentos - era chato. Chato. Por isso ficava quieto imaginando a própria. Tinha esperanças. Imaginava a vida colorida e, além da imaginação do que acontecia, chegava ao ponto de prever a lembrança do dia seguinte - tinha esperança até ao criar o passado no futuro. Estava sempre a espera do grande acontecimento. Por vezes se pegava na frente de batalha entre o Reino Próximo e o Reino Distante e queria a esperança dalí a criação do Reino Médio, num papo regado a suco de laranja. Outras mais, se metia a falar pro padre as proezas do pai de santo e pro pai de santo as proezas do pajé e acabava por religar na terra o que eles tanto queriam do céu. Também, ao ver que o mundo girava, pediu numa conversa mansa, que girasse um diazinho só mais devagar, com a promessa de trocar uma palavra com o Sr Tempo Tempo Tempo Tempo que aproveitasse suas horas vagas pra conhecer outros universos e ver que podia ser menos rude com a Terra. Estava sempre a espera do grande acontecimento. Por isso tinha mil celulares nos bolsos grandes de palhaço e seu cérebro era conectado à internet, com capacidade de acesso ao seus milhares de e-mails pessoais a todo minuto. Um dia a notícia chegaria de Tudo Irá Mudar. Não viria pelo céu e nem pelo mar. Viria das telecomunicações, via satélite, mandado de algum canto da esfera interestelar, cuspido pra fora de algum buraco negro, anunciando o alinhamento das dimensões, onde perto e distante poderiam se encontrar. Será que está lá? Tinha esperanças que sim... (continua...)
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Um comentário:
Inspiradíssimo, parabéns. Tha.
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