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terça-feira, julho 03, 2007

Corpo Assim: em tempo simultâneo...

O que será que acontece agora no momento em que escrevo? Escuto Danilo Monteiro, tendo ficado ainda em memória o Naimã que ouvi outra hora. Minha mãe vê repórter e minha irmã toma banho. A Penélope lambe o pelo e o cachorro ladra a noite ao ladrão. A cobra dá o bote e a aranha pede mais. Milhões de scraps no orkut e poemas em blogs. Concepções de filhos nas favelas, tiros ao alto e autotiros suicidas em meio ao desespero dos corpos. Corpos que vão, corpos que caem, corpos que passam, corpos qu voltam, corpos que rezam, corpos que transam, corpos que mentem, corpos que pecam, corpos dementes, corpos que corrompem, corpos que criam. O rio continua correndo, a torneira pingando, o biscoito molhando, o leite acabando e a padaria fechando. Nos shoppings somente as ultimas sessões de cinema em fim de choros, ou de medos, ou de risos, ou de nojos, depende do gênero... e das circunstâncias. Alguns beijos, muitos. Alguns peitos doídos, muitos. Alguns outros sangrando vermelho de verdade. Casamentos e luas-de-mel acontecem ao mesmo tempo que velórios. Nascimentos completos e outros em germinação. Cartas são escritas, músicas são compostas, sorrisos são deixados de lado e choros a beira do mar de lágrimas são saciados. Sobremesas são saboreadas e muita fome há no mundo. Putas nas esquinas, crentes pecando ao escuro da fé, maridos fugindo a medida que em suas camas há algum outro marido... e assim sucessivamente. Um Leminski para amizade e um Neruda pra namoro, lidos a luz das vinte e três horas. Vinte e Três, número: 23:23, agora. O que será que acontece agora no momento em que escrevo? Alguma cama de motel invadida por corpos flutuantes de paixão... talvez sim, talvez não. Minha vó fazendo palavras cruzadas, vendo TV e dormindo ao mesmo tempo. Minha tia está ao telefone e minha irmã cuidando da minha sobrinha enquanto meu cunhado faz a janta. O Lula deve estar de cuecas e a Mariza fazendo massagem em seus pés... eles transam? Transar a vida é ir além do ar: vácuo. Silêncios, alguns muitos em horas vazias. E eu escrevo numa semi-apatia. Ainda escuto Danilo Monteiro e não sei o que acontece por aí, ainda. Ficam réstias Naimãnicas de memórias musicais que me dizem muito "fulinaimicamente". Joana D'arc canta no ensaio, ou talvez já esteja em algum caderno escrevendo como Carmem, amando seus cachorros e outros cães. São Jorge olha da lua e compactua com o dragão as mazelas do mundo, assim como suas belezas. Eu não sei, quais são os maus e quais são os bens. O que será que acontece agora? No fundo eu sei... no fundo eu imagino o quê sei... no fundo eu desejo o quê sei e fosse comigo também. Agora acontece que me chegou uma mensagem no celular: Carmem está sem chave... minhas portas estão abertas! Danilo ainda toca e o Naimã, por hora, parece foi embora. O que será que acontece agora? Heita pecado bom esse da luxúria que traz a gula e a preguiça na promoção. Pecado triplo não podia ser pecado, devia ser excomungação! Comungar com a ex... faz parte do processo. O que será que acontece agora? A ex comunga com outro... talvez sim, talvez não... faz parte do processo. Paiurá paiurá pá paiurá, canta Danilo e geme em seguida, como esse CD é bom! Simultaneamente há um movimento terrestre em volta do sol e outro em volta de sí. Uma estrela explode e outra cai. Supernova essa minha vida... "nada está em seu lugar" canta agora Danilo... no Japão já é quase hora do almoço. E as formigas se revezam pra levar terra pro formigueiro. Os pássaros dormem, e os morcegos voam. Alguns passam frio. Alguns estão tomando pinga. Alguns conversam um papo bom. Alguns estão entre outros em alguma festa. O que será que acontece agora? Talvez no fim das horas... o metrô parte por ultimo a meia-noite, é preciso voltar pra casa. Minha irmã diz querer dormir e eu vou para o violão. O sono... sono é pra vir por ultimo nessa vida, tenho tanto o que agir. "E assim se fez o poema" diz Danilo agora. Deixo a siultâneidade das horas em ações não menos importantes. Parto pras minhas músicas... ressoa... que são mais minhas do que de qualquer outra pessoa.

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