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sexta-feira, maio 29, 2015

Corpo Recomeço ou Eu Sozinho e um Mundo Inteiro ao Meu Redor

Desde os 17 anos eu não sei o que é estar sozinho. Minha dimensão de solitude nunca foi muito além de alguns meses nesse meio de caminho entre uma ou outra crise. Ao mesmo tempo nunca fui de ter muitos amigos. Sempre me senti querido por muitos, muitos mesmo, mas próximo de muito poucos e por períodos breves, que envolviam situações com início, meio e fim. Meus momentos mais intensos de companhia foi sempre dividindo um calor de paixão. Que acaba. Pode ser por causa do signo, da sina, do visceral que há em mim. Pode ser. Pode ser porque eu seja um chato, profundo demais, sério demais, responsável demais, respeitoso demais, compreensivo demais, ingênuo um bom tanto. Pode ser. A verdade é que nunca me senti tão solitário, tão existencialmente solitário, mesmo em companhia, algumas vezes mais de uma. Por Deus, será que sou mesmo um paulistano como canta Zeca Baleiro? Um tanto. A verdade é que também tenho buscado uma solidão calma, que me coloque em mim. Não achei e pode ser que não ache. Vale a experiência da busca. Sei que no processo há dores e perdas, dúvidas e angústias, mas estar sozinho com os outros é muito, muito pior que estar sozinho em encontro consigo. As vezes penso na solidão do caminhoneiro. Seguir por estradas na atrás do pára-brisas porta-retrato infinito. Parar em qualquer alto de morro, avistar o primeiro e o último raio de sol e fotografar em sua memória particular, sua, sem preocupar-se com mais nada e ninguém. Seguir viagem na estrada da vida e voltar, claro, porque sempre voltamos. Sempre voltamos diferentes. Já viajei com momentos de solidão, mas nunca viajei sozinho. Nunca me conduzi a lugar nenhum. Na maioria das vezes conduzo os outros, meio que numa postura nata de liderança, de ter que dar conta de si, das coisas, das pessoas. Isso cansa. Tô cansado. Exausto é a bem da verdade. Preciso dirigir minha própria boléia. Ter em frente um horizonte novo, que surge, que urge. Ter em mente que basta a espinha ereta e o coração tranquilo para abrir-se a uma outra experiência de corpo. Não sei bem qual, nem sei bem como começar. Pensando bem esse texto já é um começo. Eu sozinho e um mundo inteiro ao meu redor. É uma imagem, é um começo. 

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