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quinta-feira, outubro 17, 2013

Não quero do teatro o teatro, nem do circo o circo. Também não quero da música a música, ou da dança a dança. Do cinema não quero o cinema. Da pintura não quero a pintura, muito menos da escultura a escultura. Não quero da literatura a literatura, seja prosa ou poesia. Bem como não quero da filosofia a filosofia, seja por retórica ou aforisma. Não quero que me convençam as convenções. Da Isadora Duncan não quero a dança, mas sim a liberdade na praia. De Salvador Dali não quero a pintura surrealista, mas o sonho em cores. Do Fellini não quero o cinema, mas o voyerismo alucinado. Do Dover Tangará não quero o circo, mas o hiato do salto. Do Django Reinhardt não quero a música, mas as sinapses de uma ancestralidade cigana. Do João Guimarães Rosa não quero a literatura, mas o jogo de palavras. Do Neruda não quero a poesia, mas o gozo em metaforizar a paixão. Da arte não quero a arte, quero outra coisa. Não sei o que é, mas não é ela própria em linguagens, esquartejada, legitimada de fora pra dentro, como se fosse a arte um conjunto de membros que não fazem parte de um mesmo corpo. Da arte não quero a arte, quero outra coisa, mas que, no fim, só a arte mesmo é que pode me proporcionar... não sei o quê, só sei que quero e tenho o que dizer.

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