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segunda-feira, maio 14, 2012

Corpo para cima

Quais são as opções? Qualquer que seja a encruzilhada, sempre haverá os caminhos possíveis. Bem como a possibilidade de permanecer parado. Mas se busco o movimento, me parece o permanecer uma não opção. A não ser que tomasse meu olhar e verdade num sobressalto e investigasse se a partir de minha imobilidade pudesse, então, levitar e subverter a idéia de que todas as minhas escolhas de prosseguimento e procedimento estão pré-traçadas. Talvez assim fosse instaurado um jogo de pega-pega do qual não só a horizontalidade fosse meu chão da fuga, do drible e também da caça, mas também verticalidades e obliquoidades das quais não temos ainda alcance. Portanto, fico questionado em como acessar uma possibilidade da qual me parece de impossível realização. Meu corpo levitar? Isso sem considerar inconcebíveis atos como o teletransportar-se ou a transmutação. São outras relações de tempo e espaço a serem visitadas, aliás são outros ser e estar no mundo. Como? O campo da idéia hoje parece não bastar frente à velocidade com que o caminho da concepção ideal e sua materializacao é percorrido e cumprido. Portanto me parece sempre sofrível, hoje, quando um desejo, facilmente deixado apenas como um desejo em outrora, não for concretizado enquanto matéria palpável, em um hardware útil ao nosso cotidiano. O problema é que talvez não mais nos sobre desejos úteis, uma vez que inovações pensadas no passado, como carros voadores e autômatos realisticamente perfeitos, soam bregas e ultrapassados sem nem mesmo serem postos a venda. Esgotaram-se as verossimilhanças tecnologicas, qualquer criação ao nível do automóvel de Ford ou do computador da Apple deverão ser literalmente de outro mundo, pois o que vemos hoje são apenas desdobramentos de desdobramentos de desdobramentos. Tanto que a conectividade entre aparelhos de diferentes utilidades é o que tem salvado este tipo de indústria. Agregar valor sobre o já criado. Complemento e releitura. Criação sim, mas em que nível? Ou melhor, de qual natureza criativa? Há de fato espaço para descoberta?A questão é que o mercado não mais da conta de nossos desejos e, talvez por isso, tenta plantá-los em nós. Levitar não é um desejo de mercado, nem mesmo tem utilidade prática, nem mesmo aos ilusionistas - dá trabalho levitar! Assim como desaparecer e reaparecer exige um esforço pirotécnico, uma produção caríssima! Pois são estes os desejos que perpassam meu corpo. E agora tudo se mistura na paranormalidade de qualquer subjeto. Se passo a diluir a materialidade de meu corpo, idéia e ação não mais se apresentam como dicotomias em nossa concepção cartesiana de mundo. Se o nada levantar matéria e se a matéria se tornar um nada, tudo e nada poderão ser, então, verdades coexistentes, paradoxais verdades dúbias. E então a própria noção de verdade terá de ser reinventada, pois quando o impossível passa a ser 'possíveis' outras descobertas serão necessárias. E ao descobrir como descobrir, uma outra relação entre experiência de mundo concebida e possivelmente concebivel torna-se una no sentido de que tudo é possibilidade.

2 comentários:

InformAtivo Cultura ZL disse...

E tudo é possível quando a força não é pequena...

Parabéns pelo texto hermano Leandro, é isso expressar nossas inverdades e incertezas é demais, faz com que voltemo-nos a nós mesmos com nossos sonhos e invirtudes.

Parabéns mesmo mano.

Vander xCHEx disse...

Palavras sinceras e fuertes...

Parabéns mano,e diga uma delas no Slam...

É tudo nosso.