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quarta-feira, junho 27, 2007

Corpo na contramão das horas

Na hora da fome o que dói é o estômago certo de ter em hora de almoço o almoço. Na hora do cansaço o que dói é o olho certo de ter em hora de sono o sono. Na hora da alegria o que dói é bochecha certa de ter em hora de tristeza a tristeza. Na hora da tristeza o que dói é o peito certo de ter em hora de aconchego o aconchego. Na hora da festa o que dói são as pernas certas de ter em hora de fim-de-festa o fim-de-festa. Na hora da labuta o que dói é a cabeça certa de ter em hora de almoço o descanço. Na hora do descanço o que dói é a vontade de ter em hora de descanço o descanço. Na hora do almoço o que dói é o cansaço de ter em hora de trabalho o sono. Na hora do sono o que dói é a tristeza de ter em hora de alegria o fim-de-festa. Na hora do fim-de-festa o que dói é o peito de ter em hora tristeza a tristeza. Na hora da tristeza o que dói é o olho de ter em hora de festa o choro. Na hora do choro o que dói é a alegria de ter em hora de aconchego o trampo. Na hora da hora ser hora certa, errada cabe no estômago, no peito, no olho. Ao contrário das horas quero, então, assim. Requero invertido. Na hora do estômago o que dói é o almoço certo de ter em hora de fome o almoço. Na hora do olho o que dói é o sono certo de ter em hora de cansaço o sono. Na hora de bochecha o que dói é a tristeza certa de ter em hora de tristeza a alegria. Na hora de tudo o que dói é o nada, certo de ter em hora certa de tudo a certeza nenhuma de que não há certezas de nada.

Um comentário:

Ângela Garcia e Garcia disse...

mas que confusão....


Beijosssss